Este é o primeiro Dia das Mães sem a presença da dona Gerti Jasper, que nos deixou em julho, aos 81 anos de idade. Minhas idas à terra natal estão mais tristes, menos ridentes.
O lauto almoço, com carne suína, de gado e de frango, além de batatas e cebolas, tudo acondicionado numa generosa fôrma colocada no forno elétrico, ficou na lembrança. Tinha ainda massa e a salada de maionese caseiras. As sobremesas – com sagu, creme, torta de bombom, coco e pudim – estão nas fotos que não cansamos de olhar. E no meio da tarde cuca, pão de milho, schmier, melado, nata e linguiça cozida.
Dona Gerti era do tipo manso, voz baixa, pausada. Como toda mãe era algodão entre os cristais durante os entreveros familiares. Com jeitinho, acomodava vontades, abria mão das convicções, mantinha a harmonia. Mesmo depois de perder o filho mais novo e o marido de 35 anos de cumplicidade – o velho Giba, que partiu aos 52 anos.
A casa, mais tarde trocada por um apartamento, chamava a atenção pelo capricho. Toalhas e guardanapos bordados com esmero pela filha. No pátio, flores e árvores sempre podadas e vistosas, harmonizavam com objetos e louças caprichosamente acomodados em armários e cristaleiras.
A mãe de meus filhos dispensa generosas doses de amor incondicional a toda hora
O célebre ditado de que Deus fecha uma porta, mas abre uma janela, se efetivou em minha vida. Se minha mãe partiu deixando inúmeros ensinamentos, tenho o privilégio de partilhar da convivência com Cármen Nunes Jasper, que me deu dois filhos, motivo de enorme orgulho.
Cármen é uma liderança nata. Em casa se mostra uma ótima gerente – vigilante, interessada. Concede liberdade vigiada e mantém o “noticiário dos filhos” atualizado. Nada escapa de seu onipresente radar: horários, destinos e as amizades partilhadas pelos filhos.
O zelo é exercido com generosas doses de amor incondicional, desde as crises de bronquite de Henrique – na tenra idade – até as primeiras baladas na adolescência da Laura. Enérgica na cobrança, sempre estende a mão em busca de reconciliação, perdoando e sendo tolerante.
A vida é assim. Somos passageiros, com trajetória efêmera, um fio de vida que generosamente foi concedida por elas, nossas mães. Não importa a idade: todas se doam sem medir esforços, sofrimentos e dores. Do parto à idade adulta. Para elas nós, filhos, seremos sempre crianças à espera de um colo para aplacar nossos males. Feliz Dia das Mães!

