“O que direi a meus filhos? Ligo a tevê e só vejo notícia sobre golpes, falcatruas e malandragem. Meus filhos vão pensar que para ser rico, viajar e ter amigos precisa ser desonesto”.
Ao ouvir este desabafo na fila do supermercado me coloquei no lugar de pais de crianças e adolescentes bombardeados pelas fraudes, logros e falcatruas flagrados pela Operação Lava-Jato. Consola a constatação das inúmeras prisões, condenações e do sem número de indiciamentos. Mesmo assim milhões de jovens buscam o caminho do aeroporto para esquecer o país da trapaça.
Não é fácil convencer a gurizada de que o Brasil tem jeito. Ou que vamos respirar novos ares, que haverá uma faxina ética e que, a partir da eleição de 2018 escolheremos nossos candidatos usando o cérebro – ao invés do coração –. E que depois do pleito passaremos a fiscalizar o trabalho de nossos representantes.
Eles vão argumentar que já tivemos dois Presidentes da República cassados – Collor de Mello e Dilma Rousseff – desde a abertura democrática –– e que a promessa de um país decente é velha, está surrada, superada.
Temos professores que são como pais a educar, dar carinho, atenção e orientação
Sou obrigado a concordar, mas a esperança é o combustível das pessoas de bem. Longe de pregar a alienação, embora os desinformados sejam mais felizes que eu, que como, bebo e durmo notícias, quase todas ruins. É duro constatar o que acontece e, mesmo assim, tentar acreditar que um dia aprenderemos a votar.
São imensas as agruras de quem educa os filhos. É um desafio diário, interminável que somente o amor transforma em rotina permeada por inúmeros momentos de alegria. Suas vitórias, como a conclusão de um curso, a conquista de um prêmio, um convite de emprego ou um simples elogio nos enche de orgulho e alegria. É um bálsamo, combustível para seguir adiante.
Felizmente existem professores comprometidos, dedicados integramente a transformam alunos em filhos, a quem dedicam a vida sem mediar carinho e conhecimento.
A omissão de muitos pais transforma estes educadores em heróis de uma legião de fanáticos pela ostentação, consumismo e pela “cultura do descartável”. Inclusive nas relações afetivas que parecem integrar um álbum de fotos facilmente substituíveis, sem profundidade e lastreadas apenas por interesses pessoais.

