O transcurso do 11º ano de falecimento do empresário e ex-prefeito Arnesto Dalpian hoje, fortalece esta lenda consagrada pela política gaúcha. Este “tri-prefeito” é um fenômeno que transcendeu os limites de Arroio do Meio e do Vale do Taquari. É um personagem que orgulha as mais caras tradições de homens públicos da estirpe de Pedro Simon, Fernando Ferrari, Antonino Fornari, Ilmo Petry, Rubino Rahmeier e Paulo Steiner, entre outros.
Tive o duplo privilégio de conviver com Arnesto Dalpian – como prefeito e na convivência social. Graças à proximidade com meu pai, Gilberto Delmar Jasper, vereador em 1968, os encontros políticos em nossa casa eram quase diários. A amizade se aprofundou e Arnesto e a esposa, Helena, foram padrinhos de batismo do meu irmão, Roberto César Jasper, precocemente falecido.
A devoção dispensada por Dalpian à atividade o transformou numa referência que não se restringiu ao MDB, partido que teve honra de tê-lo em suas fileiras. Diálogo permanente era o mantra deste nova-bresciense de carregado sotaque italiano e fala mansa. Levava ao limite a estratégia de negociar, sem abrir mão de suas convicções. Sempre foi firme quando a ocasião exigiu.
Dalpian é um personagem que honra as mais nobres tradições da política
Nesta época de trevas políticas, onde a atividade pública é demonizada em decorrência das descobertas da Operação Lava Jato, aumenta a saudade de homens que levou às últimas consequências o ditado de que a assinatura é apenas formalidade: o fio do bigode basta.
Soa inacreditável que a política que livrou o Brasil do jugo da ditadura é a mesma que hoje causa repulsa, raiva e indignação. A impressão é que nada e ninguém escapa das teias da corrupção. Proliferam tentações com milhões em malas, inúmeras viagens, providenciais jatinhos, poder inebriante e uma inabalável capacidade de seduzir até o mais fanático defensor da moral pública.
Arnesto Dalpian foi três vezes prefeito de Arroio do Meio. Não faltaram convites para voos mais altos, rumo à Assembleia Legislativa ou Brasília. Jamais cedeu ao canto da sereia política. Administrou a inesquecível indústria que fabricava os inimitáveis mandolates Helda, nome fantasia em homenagem à esposa com as duas sílabas iniciais do nome – Helena Dalpian.
São 11 anos de saudade e de recordações que o também ex-prefeito Paulo Steiner eternizou em seu livro Arnesto Dalpian: História, Vida, Realizações. A família Dalpian suspira de saudades e de orgulho por um homem que fez da política um instrumento para melhorar a vida de milhares de arroio-meenses.

