Li que o trânsito da nossa cidade tem suscitado acalorados debates. De forma especial, a rua Gustavo Wienandts, que desemboca no trevo da ERS-130, o nó que atrapalha o fluxo de quem chega ou sai de Arroio do Meio.
Muitos fogem de debates, de troca acalorada de ideias. Ficam constrangidos. É atitude comum com pessoas de temperamento pacato. Entre amigos, no condomínio, no trabalho. A esmagadora maioria dos brasileiros não exerce na plenitude o direito de reclamar quando é ludibriado, não reivindica seus direitos.
O debate em torno dos problemas de Arroio do Meio é salutar, como referi na crônica da semana passada. Nem sempre o resultado das discussões agrada. Isso, porém, não pode servir de pretexto para se render ao comodismo e passividade. Reclamar, acusar e não agir não constrói.
É fundamental conceber mecanismos que permitam – e estimulem – a participação dos moradores em temas que impactam o cotidiano. Afinal, são os habitantes que trabalham, vivem e transitam pelas ruas e que conhecem como ninguém a realidade. Muitas vezes, as autoridades – principalmente os prefeitos e administradores – cercam-se de assessores constrangidos em relatar com fidelidade o que acontece.
São desafios de todos nós e que, por isso, exigem soluções coletivas
Ao longo de 40 anos de jornalismo assessorei inúmeras autoridades. A convivência exige disciplina e fidelidade. Isso inclui falar a verdade, retratar o que acontece de fato. Usar versões fantasiosas torna faz míope quem foi eleito para cuidar do município, zelar por seu bem-estar, ter solução para as dificuldades e promover a qualidade vida.
Arroio do Meio é uma cidade agradável, com muitas virtudes inexistentes em outras comunidades. O preço é a eterna vigilância, através do exercício da crítica, sem pessoalismo, perseguições, preconceitos ou discriminações. Ouvir a todos, mesmo os adversários, é preceito da democracia, o melhor sistema já inventado que exige aperfeiçoamento permanente.
Participar das discussões nem sempre é agradável. Convites para estas discussões geram ojeriza em muitas pessoas. Muitos desacostumados ao enfrentamento verbal. Independentemente do êxito de nossas propostas é preciso contribuir na busca de remédios para os males que ainda são administráveis. Se ignorados ou tratados sem a devida atenção viram pesados, como a mobilidade urbana caótica, a proliferação de moradores de rua, o tráfico descontrolado de drogas. Sem esquecer da preocupação ambiental, da qualidade de ensino, geração de emprego e da promoção de atividades de lazer.
São desafios de todos nós e que, por isso, exigem soluções coletivas.

