Nestes 40 anos de jornalismo viajei muito pelo Rio Grande do Sul. Conheço quase todas as cidades. Como repórter ou assessor de imprensa, tive o privilégio de conviver de perto com a diversidade que permeia a formação do nosso Estado. Este mosaico de etnias que colonizou o solo gaúcho constitui uma das riquezas mais particulares e ricas da gente gaudéria.
Estes predicados foram responsáveis pela formação de comunidades que impressionam pela dedicação ao trabalho. Por isso são ilhas de prosperidade que superam as crises. Uma peculiaridade destes municípios é o elevado grau de união em torno de interesses comuns, capazes de geral riqueza, não apenas material, mas no campo social para a população.
A rivalidade crônica que compromete os avanços no Rio Grande do Sul também pode ser contatada em diversas regiões. O ciúme, a inveja e outros sentimentos menos nobres impedem que as desavenças sejam superadas para se iniciar um novo ciclo virtuoso. O choque de conceitos é fonte de inovações, sabedoria e evolução.
A alternância no poder é outro aspecto salutar para que vícios não se eternizem em prefeituras e entidades privadas. Infelizmente a indignação que inunda as ruas em bate-papos informais não se transforma em participação efetiva em fóruns de debate que buscam soluções. No condomínio, sindicato, na política. Em todo os lugares é mais cômodo falar do que agir.
Determinação, coragem, renúncia e tolerância são predicados fora de moda
Cidades que sediam universidades possuem o condão de conviver de forma mais tranquila com as turbulências de percepções conflitantes. A reunião de pessoas vindas de diversos pontos do pais contribuem para encarar problemas com visões diferenciadas, a partir de experiências pessoais ou profissionais. Esta efervescência é o fermento do progresso.
A surrada frase de Nelson Rodrigues – “toda unanimidade é burra” – se aplica neste aspecto. Onde o hábito de decisão única se instala, o futuro quase sempre é sombrio e povoado de impasses que levam à estagnação. Toda cidade guarda potenciais subaproveitados ou que jamais foram provocados. São segmentos capazes de gerar emprego, renda, desenvolvimento e alterar o perfil econômico e social da comunidade.
Esta descoberta só é possível a partir de uma tomada de atitude. Sair da chamada zona de conforto requer determinação, coragem, renúncia e tolerância. São predicados raros na sociedade atual onde o egoísmo, a cultura da ostentação e do descartável são onipresentes. Romper a barreira e trabalhar pelo coletivo é o segredo das comunidades que driblaram a crise. A oportunidade está ao alcance de todos nós. Basta querer.

