Qual o maior desafio de ter filhos? A pergunta, simples, direta e aparentemente despretensiosa, é capaz de suscitar grandes polêmicas. Afinal, cada ser humano conserva seus próprios valores, baseados em suas experiências e na formação recebida dentro da família.
Tenho um casal de filhos adultos – 22 e 23 anos – e na terça-feira completei 30 anos de casado. Já escrevi que considero a arte de criar filhos o maior desafio da atualidade. A velocidade com que as mudanças acontecem, em todos os segmentos, nos deixa zonzos. As novidades proliferam num piscar de olhos. As certezas de ontem são grandes dúvidas de hoje. Como nós, jovens há mais tempos, devemos reagir?
A internet, com seus tentáculos onipresentes, impôs uma nova postura aos pais. De nada adianta esconder conteúdos, a exemplo que faziam antigamente os mais velhos ao armazenar as chamadas “leituras adultas” em armário chaveados. As chamadas “revistas de mulher pelada” era o maior pecado da tentação da minha juventude. Acessar as publicações do tipo Playboy era tarefa de gincana.
A adolescência é um período complexo que exige persistência e paciência
Lembro com saudades das fitas cassetes com as piadas de Juca Chaves, do rico acervo que o amigão e parceiro Vicente Petry – hoje com justiça radicado no Rio de Janeiro com sua Carolina Wist – exibia para a gurizada. Ouvíamos as músicas de duplo sentido com o som do gravador quase inaudível. Tratava-se de conteúdo “proibido para menores de 18 anos”, idade que nem de longe tínhamos à época.
Hoje, as redes sociais fariam corar Hugh Hefner, fundador da Playboy, cuja publicação em papel foi encerrada há pouco tempo. A gurizada tem acesso a tudo, não importa onde esteja armazenado. Desde a mais tenra idade eles desenvolvem habilidade de informática que permite lançar uma espécie de tarrafa virtual para capturar os mais variados conteúdos.
Apesar do meu grande amor por crianças, confesso que não invejo aqueles que serão pais/mães ali adiante. O único conselho que não saiu de moda – e é bastante surrado – se resume em: deixe os celulares/redes sociais de lado. Aproveite cada momento com seus filhos pequenos. Jogue bola, vá ao estádio e ao cinema, ande de bike, jogue videogame, tome banho de piscina/mar/rio/arroio, acampe, faça churrasco para os amiguinhos e privilegie contatos pessoais.
Quando a adolescência chegar, o (a) amigo (a) irão constatar que o cansaço, a repetição dos mesmo filmes e músicas, além do esforço para lembrar do nome de cada coleguinha são revestidos de um valor incalculável.
A travessia da idade infantil à vida de adulto é, sem dúvida, o grande desafio, cujas ferramentas para o êxito são forjadas na infância.

