O auge do clima da festa “da Virada” ficou para trás e o calendário não para, o mês de janeiro vai andando e os primeiros cinco dias deste novo ano já fazem parte do passado. Esta nova página traz o renascer de esperanças, de expectativas e nos faz acreditar que se todos fizerem a sua parte, desde governo até as bases, será possível atingir objetivos mais concretos, promissores e reais.
Quando o ano de 2017 terminou, muitos diziam esperar que levasse consigo os grandes problemas que se fizeram presentes ao longo dele. E sabe-se que não foram poucos.
Mas a vida, a nossa realidade é assim. E especialmente no setor da agropecuária, que engloba atividades bem variadas, nada é fácil. Insegurança, frustrações, não reconhecimento do trabalho, normalmente pesado, que se reflete nos preços dos produtos, são desafios que se repetem ano a ano. Aliás, o produtor rural, como já disse inúmeras vezes, é o único empreendedor que não pode definir os preços de seus produtos. Os insumos que ele adquire, todos, vêm com os valores fixados. E na produção vendida, novamente são “os outros” que determinam o valor de todos os itens. Leite, é a indústria que determina. Frango, a integradora fixa. O suíno, a indústria decide. Soja, há uma relação com o mercado internacional. E assim segue todo o conjunto de outros produtos que dependem de fatores extras para a sua cotação.
Para a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul – FecoAgro-RS, o ano de 2018 será de otimismo, mas com cautela, lembrando que 2017 caracteriza-se como marco na produção recorde de grãos no Estado. “A inflação baixa está sendo sustentada basicamente pelo preço dos alimentos”, observa a entidade.
E segundo a Federação, “para 2018 o cenário é de otimismo com cautela. A sensação é de que o setor produtivo começou a sentir, mais recentemente, os efeitos da instabilidade econômica do país que tardaram a chegar no campo. Sentimos no interior do Estado que a crise agora chegou mais perto do agronegócio. De uma forma ou de outra, estamos sentindo muito o aumento dos custos e a baixa dos preços”.
A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul – Fetag/RS, avalia que “chegamos ao fundo do poço e que é hora da virada”. A entidade espera que o governo e a sociedade compreendam a importância do produtor rural familiar. O trabalhador urbano precisa do agricultor e este também necessita do urbano. “O consumidor reclama quando o leite aumenta de preço, mas se conforma totalmente quando a cerveja ou o refrigerante tem o seu preço majorado”, diz a direção da Federação.
E por falar em preços, é interessante reparar que o produtor precisa vender cinco litros de leite para comprar um refrigerante, pequeno, e mais de dez litros para pagar uma cerveja! É uma distorção, uma inversão de valores e o que poderá ser feito para mudar essa realidade?
Teremos, ao longo do ano, muitas oportunidades para reflexões, ainda mais que virão, logo mais, os efeitos de um período eleitoral. Será um bom momento para expor as dificuldades e cobrar atitudes.
Uma constatação: algumas pessoas que visitaram o distrito de Forqueta, no Natal e Ano Novo, comentaram a sensação de abandono do acesso à localidade. O inço realmente está quase invadindo o asfalto. O turismo é feito com a conjugação de esforços, entre os empreendedores e o setor público. Os primeiros estão fazendo a sua parte.

