Sábado visitei pela primeira vez a Casa do Museu depois da restauração. O imóvel abrigou a primeira prefeitura de Arroio do Meio. Fiquei surpreso e emocionado com o capricho do trabalho e as recordações despertadas durante a caminhada com a coordenadora do local, Carla Jaqueline Schroeder.
Os detalhes arquitetônicos lembraram com nitidez a casa de meus avós e tios, que moravam no interior, com suas janelas protegidas por trancas de madeira maciça. O prédio também guarda lembranças do tempo em que era sede do Poder Executivo, quando meu pai, Gilberto Delmar Jasper, se elegeu vereador em 1968 pelo MDB.
Determinados fenômenos somente ganham sentido com o avançar da idade. O sentimento de saudade ganha força sem precedentes quando envelhecemos. As mudanças drásticas do mundo moderno nos levam à comparações nem sempre justas, mas que são marcantes.
Outro fato que turbina a nostalgia é a perda de pessoas queridas – parentes ou não –, cuja trajetória foi inspiradora. Ao caminhar pelas ruas do município onde nasci, detalhes e histórias estão vivos em cada rua, calçada ou espaço público. É uma reação inconsciente que rende comentários espontâneos que faço com meus interlocutores.
Meus ídolos são pessoas normais que trabalham,
gostam de churrasco com cerveja e riem de boca cheia
No sábado, pouco antes do périplo pela Casa do Museu, tomei um café na Padaria Tudesca com o dono, meu amigo de longa data e proprietário Eduardo Führ, o Zêzi. É um hábito recorrente quando estou na cidade, completado com a compra das insuperáveis cucas de coco. No bate-papo, recordamos muitos personagens dos “bons tempos”, gente que deixou marcas e até hoje serve de exemplo.
A visita à Casa do Museu teve como objetivo acertar o evento de lançamento do meu livro de estreia “O Tempo é o Senhor da Razão e Outras Crônicas”. Inicialmente a data é 6 de dezembro – uma sexta-feira – às 19h, resultado da cortesia e boa vontade da Carla e do prefeito Klaus Schnack.
O acerto será a realização de um sonho acalentado por este jornalista arroio-meense, que preza muito os laços afetivos. Prova disso são as inúmeras histórias – que totalizam 120 no livro – que são permeadas de lembranças da infância e adolescência vividas na terrinha.
Envelhecer é perpetuar ocasiões e consagrar ídolos de carne e osso. Bem diferentes daqueles que exigem beleza e glamour em fotos manipuladas ou vídeos com alta produção. Meus ídolos são pessoas normais que trabalham, gostam de churrasco com cerveja, comem pizza sem preocupação com a balança, dão risada de boca cheia e choram de emoção diante de um comercial de tevê.
O cotidiano é uma dádiva que permite, do despertar ao adormecer, o convívio com histórias edificantes. Milhões de pessoas sofrem perdas, ficam desempregadas, deficientes ou são vítimas de tragédias inomináveis. Mesmo assim, dão a volta do por cima, são solidárias e espalham o bem por onde passam. É isso que faz a vida valer a pena!

