Assim como em Arroio Grande, os moradores da parte alta da rua Dom Pedro II, do entroncamento com a ERS-482, em Dona Rita, até a ERS-130, nas imediações da Brinquedos Bruxel, também estão descontentes com a falta de asfaltamento da via. A angústia é intensificada por investimentos que estão sendo feitos em outras localidades mais distantes da cidade. Além disso, justificam que a rua Dom Pedro II, faz a interligação com as localidades de Dona Rita e Arroio Grande, há presença de empresas e expansão urbana.
Em menos de dois quilômetros, são pelo menos 13 endereços empresariais, incluindo a subestação da RGE, três loteamentos, que totalizam mais de 180 lotes, e 89 famílias que moram de frente para a rua, convivendo com a poeira, o barro e a estrutura viária precária.
Apesar do novo posicionamento da rede de energia elétrica, que exigiu com que os moradores recuassem as cercas, ajustando delimitações, a estrada geral que cruza a localidade continua estreita. A execução do asfaltamento já foi aprovada em lei durante o governo Sidnei Eckert. No fim de 2016, havia emendas prometidas para o local, mas nada evoluiu. A população, inclusive, já moveu um abaixo-assinado protocolado na prefeitura em 2012.
O empresário Adonis Felipe Lagemann, observa que a via fica por grandes períodos sem ser patrolada e que o mato tomou conta das valetas e bueiros. A falta de definições em torno da largura e altura do seu nível, também traz problemas de insegurança, pois os moradores estão adiando investimentos no posicionamento de cercas e outras delimitações.
Lagemann não acredita que o abandono seja uma vingança eleitoral contra os moradores, mas suspeita de que o não asfaltamento pode estar relacionado a uma intriga política e lamenta o descaso com a população. “Transformaram a localidade em zona urbana em um decreto em 1994, sem perguntar para os moradores. Isso prejudicou a sucessão da atividade agrícola, pelas restrições de certas práticas na área urbana. Ninguém saiu da agricultura à toa. Nunca fomos procurados para projetos de pavimentação. Também estamos abandonados em outras questões de utilidade pública. A maioria certamente está em dia com seus tributos e, de alguma forma, seria parceria para que a obra evoluísse”, dimensiona.
O músico e agricultor Nelson Bennen, avalia que o município acabou investindo demais na instalação de novas indústrias, o que não considera totalmente negativo, mas esqueceu da qualidade de vida. “As pessoas estão ficando velhas e não vão andar nuns metros de asfalto. Estavam mais preocupados em valorizar quem é de fora, do que das pessoas que trouxeram o município a este patamar de desenvolvimento. Alegam que há coisas mais necessárias. Se não há clima político para executar esse asfaltamento, como a cada pouco aprovam a criação de novos loteamentos? É muito estranho, um município com 85 anos e boa arrecadação não conseguir fazer asfalto na zona urbana, sendo que são poucas estradas gerais. Outros municípios menores, mais jovens e com um número parecido de empresas que temos na nossa rua, tem asfalto em praticamente toda sua extensão. Acho que devem reciclar os gastos com o funcionalismo, e arejar o orçamento para mais investimentos. O orçamento é bom, os administradores vão bem na vida pessoal. Durante o ano eleitoral todos os políticos vieram pedir votos na nossa rua, e nos quatro anos de mandato, apenas dois vereadores estiveram por aqui”, explica.
O mecânico, Airton Hendges Kramer, 43 anos, e sua esposa Alaíde Kramer, 40 anos, moradores do bairro, há cerca de 15 anos, construíram a oficina e residência a mais de 40 metros da rua, para não sofrerem tanto com os impactos da poeira. Mesmo estando fechado, o pó entra no imóvel novo com aberturas bem vedadas. Mas, para eles, o barro traz mais transtornos do que a poeira, pois acaba sujando bastante a parte interna da oficina, e atrapalha o rendimento do trabalho. Segundo eles, Arroio do Meio, não tem demanda para ter muito mais que dois vereadores.
O bairro também é um dos únicos que não possui associação de moradores e sede comunitária e não é contemplado com uma área de lazer, praça e academia ao ar livre. A maioria dos moradores participa de entidades de Dona Rita, São Caetano e Centro.
Entre outras queixas está a desordem na travessia da ERS-130. Segundo eles, a abertura da rua por baixo da ponte do arroio Grande vai contemplar apenas quem se desloca do Centro para o bairro. A construção de uma rótula para ordenar o cruzamento é vista como essencial. A escolha pelo asfaltamento da parte baixa da via, do Centro até a ERS-130, onde moram bem menos moradores, ainda é incompreendida.
Assim como em Arroio Grande, os moradores da localidade também já estão colocando placas de manifestação pró-asfalto na via. Para as próximas semanas estão previstos encontros de mobilização. A intenção é sensibilizar o poder público e a classe política.
O coordenador do Departamento do Planejamento, Fernando Eneias Bruxel, revela que não há projeção para o asfaltamento em 2020, mas que a relocação da rede de energia, vai facilitar a elaboração do projeto. Segundo ele, o decreto de zoneamento urbano, assinado em 1994, e outros anteriores, não impactaram apenas na rua Dom Pedro II, mas ressalva que a população está no direito de reivindicar a obra.
Empresas presentes: Brinquedos Bruxel, Transportes Dametto, Águas e Gás Petry, Oficina do Airton, RGE, JJ Soldas, Oficina Gerhardt Multimarcas, Mamá Aluguel de Ferramentas de Construção, Eletrobaca, AL Pisos, Eletricista Cléberton, Metalúrgica Gonçalves e Transportes Müllenz, Metalúrgica Roveda, Cristiano Lopes Metalúrgica, diversos prestadores de serviço, e as futuras instalações de depósito do Atacado e Distribuidora Reis.





