Asfalto e facilidade de comunicação são exigências mínimas para a atração de investimentos. Um município sem acesso pavimentado e com transtornos para a transmissão de dados dificilmente vai convencer um empresário a instalar uma filial ou uma unidade industrial. Por mais experiente e convincente que seja o prefeito, não existem argumentos para convencer possíveis investidores, diante das dificuldades que é possível antever.
Pensei nisso ao tomar conhecimento, nesta semana, sobre uma comunidade do interior de Estrela que recebeu placas que avisam dos problemas para o uso de celular. “Região com constante falha no sinal de internet e telefone”, anuncia o reclame fixado junto à um estrada em Linha Geraldo Baixa.
Estima-se que cerca de 60 municípios gaúchos não dispõem de acesso asfáltico. À exceção de aficionados por ralis e trilhas, é impossível convencer um turista a conhecer comunidades com estradas de terra. Muito menos a instalar uma empresa onde as mercadorias e as matérias-primas terão enormes dificuldades de logística em dias de chuva. Todos os custos de manutenção e reparos seriam transferidos para o preço final, inviabilizando a competitividade.
Devemos aprender a reivindicar preceitos mínimos de
modernidade como contrapartida de nossos tributos
Perdi a conta das marchas de prefeitos a Brasília e Porto Alegre para reivindicar soluções para o problema rodoviário, mas a crise do Estado e os cofres raspados da União impedem que as obras saiam do papel. Prefeitos, vereadores e lideranças municipais organizam mutirões que incluem o uso de recursos privados para minimizar os efeitos desta carência. Apesar do esforço, somente a realização de obras de infraestrutura colocarão fim aos problemas.
Em termos de comunicação, as consequência são ainda mais graves porque não envolvem apenas o uso tradicional do telefone celular. A transmissão de dados, fundamental para instituições bancárias e empresas com administração centralizada e diversas filiais, é comprometida. Estudos que definem a localização de unidades fabris descarta, de cara, municípios sem estradas bem conservadas e obstáculos em relação ao uso da internet.
Pertenço à geração que assistiu à invasão do asfalto, inclusive em pequenas comunidades do interior. Até hoje, quando perambulo pelo interior do nosso município, fico impressionado com a pavimentação que outrora era privilégio de cidades grandes. A consciência de administradores, que tiveram a visão de investir em usinas de asfalto que facilitar o escoamento das safras e, por consequência, barateiam o preço final dos produtos.
Nasci e morei por anos no bairro Bela Vista. Caminhava todos os dias até a Escola Luterana São Paulo por uma estrada de chão batido que gerava poeira no verão e muito barro no inverno. Por isso, posso avaliar a frustração dos moradores de comunidades carentes de pavimentação que compromete, inclusive, a própria conservação da casa e benfeitorias.
Enquanto tivermos cidades sem asfalto e internet é impossível desejar um país desenvolvido, justo e capaz de atender as demandas de seus cidadãos. Não podemos perder a esperança, mas devemos aprender a reivindicar preceitos mínimos de modernidade como contrapartida de nossos tributos.

