Depois de dois anos voltei ao litoral no feriadão de Carnaval. Saí de Porto Alegre às 15h de sexta-feira e cheguei a Capão Novo quase quatro horas depois. Entre os dois pedágios, a tranqueira era total com muitos “pontos de retenção”, como os repórteres chamam os trechos de engarrafamento.
Depois de guardar a bagagem, distribuir beijos e abraços, notei a cara de poucos amigos das mulheres da casa que viajaram dias antes. A reação era compreensível. Fãs assumidas do sol, de ler um livro inteiro torrando à beira mar, minha mulher e filha estavam emburradas era com o onipresente vento nordestão.
No dia seguinte acordei cedo para os padrões da praia – por volta das 8h30min. Viciado, sai à cata de jornais, mas com a desculpa de comprar pão, leite e salamito para o café da manhã, hábito que só mantenho em viagens.
Depois da leitura de três jornais e de barriga cheia cheguei à conclusão de que seria impossível chegar à beira da praia e instalar um guarda-sol. Afinal, um branquelo como eu não sobrevive sem o equipamento, além de boné, óculos escuros e toneladas de protetor solar.
Espero que em 2021 tire férias e fique
longe do trabalho por vários dias…
Bastou abrir uma fresta na janela da frente e a porta dos fundos entreaberta para a casa virar uma grande bagunça. Voou de tudo: jornais, talheres, guardanapos e até a coleira do Fiuk. Apenas uma enorme melancia se manteve imóvel diante da furação que varreu o imóvel.
Chegamos à conclusão de que acampar à beira-mar estava fora de cogitação. A solução foi instalar o guarda-sol nos fundos da casa – local mais protegido do vento – e aproveitar a folga. Enquanto Cármen se refestelava ao sol, lendo, eu e Laura jogamos general. Ela, claro, com o corpo desprotegido, ao contrário deste cronista, de camiseta, boné e na sombra.
Na segunda-feira minha paciência chegou ao limite. Pegue a freeway por volta das 13h e voltei a Porto Alegre. Muito trabalho estava à espera e resolvi zerar a pauta. À noite, dormi de janela aberta com uma leve brisa. Na manhã de terça-feira – quando redijo estas mal traçadas linhas – a cidade está deserta. Um ou outro veículo se faz ouvir.
Daqui a pouco vou à caça de um restaurante aberto em pleno “feriado” de Carnaval. Já liguei para uma churrascaria que fica aberta até às 15h. Menos mal!
Minha impaciência com o vento é parte do estresse e da indignação de quem passou duas semanas em casa, em janeiro, sob escaldantes 40 graus todos os dias. De férias, preciso de uma semana para relaxar e me libertar do relógio e do celular para usufruir as delícias da praia.
Não cumpri a promessa de tirar férias, mas comecei com quase três dias de folga no litoral. Acredito que em 2021 será um período maior… Muito maior!

