Tenho profunda admiração pelas pessoas que têm coragem de abrir um negócio, na indústria, comércio ou serviços. Não importa o tamanho! Lidar com o público, entender uma legislação caótica que muda a toda hora, pagar tributos injustos e conviver com o compromisso de prover o sustento de famílias através de seus funcionários. Isso, sim, é heroísmo de verdade. E não de comercial de tevê.
Se o respeito já era grande, imagine agora, quando todos os problemas acima são insignificantes diante do desafio de permanecer de pé. A desorganização que impera em momentos de desastre em nosso país vai “colocar na lona” (linguagem de boxe) uma legião de empreendedores. Simplesmente porque é impossível manter negócio, empregos, contas em dia e dignidade diante do caos atual.
A paranoia de “fechar tudo, o tempo todo” é uma generalização que, como sempre, é covarde, injusta e inominável. Por que determinados estabelecimentos podem (e devem) permanecer abertos e outros não? O vírus parece não entrar nos bancos, lotéricas, farmácias e supermercados, mas em outros é onipresente.
Na retomada, sejam radicais para valorizar
integralmente os comerciantes da nossa cidade
O aumento dos casos de alcoolismo, depressão e doenças mentais são covardemente omitidos pela grande mídia que concede generosos espaços para difundir o pânico e essa mórbida mania de achar que “notícia ruim é que vende”. São irrisórias as notícias de cura, de melhora e de que mais na esmagadora maioria dos infectados sequer manifestam sintomas.
Aos comerciantes resta acreditar que os cofres do Governo Federal têm fundo infinito. Governadores jogam a responsabilidade para Brasília. Sequer parcelam IPVA, isentam caminhoneiros de pedágio nas rodovias estaduais ou pagam precatório aos idosos que dizem proteger. Autônomos, trabalhadores domésticos (faxineiras, domésticas, jardineiros), além de cabeleireiros, zeladores e manicures, sem falar de garçons e camelôs, foram condenados a viver com 600 reais por três meses.
Na TV proliferam artistas e celebridades com filhos bem nutridos tendo ao fundo eletroeletrônicos de última geração. Todos sorridentes. Mas, as comunidades pobres em que seis ou sete pessoas convivem em duas peças minúsculas, sem alimento e emprego, raramente são enfocadas. Quando isso acontece sempre há cobrança por recursos oficiais. Tento imaginar a rotina destes pequenos comerciantes de lugares onde a vida é um eterno desafio pela sobrevivência.
Na retomada da “normalidade” sejam radicais: vamos valorizar integralmente os comerciantes da nossa cidade, em todos os segmentos! Só anuncie em veículos locais. Afinal, que geram emprego, renda, sustentam famílias, produzem riqueza e impostos que sustentam a saúde e a educação. Eles estão em casa, rezando para conseguir manter seus funcionários, negociar dívidas e evitar a falência. Estes homens e mulheres são os verdadeiros heróis do Brasil!

