“Na guerra, a primeira vítima é a verdade”.
A frase atribuída ao senador americano Hiram Johnson expressa com precisão o momento de pandemia, confinamento, overdose de notícias ruins e excesso de palpites em detrimento de verdades científicas.
Responsabilidade é um atributo obrigatório a todo profissional, independentemente do segmento de atividade. As mesmas redes sociais que permitem a diversidade de opinião, semeiam a desonestidade. As vítimas raramente conseguem repor a verdade. Sofrem prejuízos imensuráveis à sua reputação. Em alguns casos são obrigados a mudar de cidade.
Sou jornalista há mais de 40 anos e sinto vergonha de colegas que sucumbem aos interesses escusos de patrões ou que temperam seu trabalho com pitadas de ideologia. Já manifestei minha revolta diante do descaso com o público destes profissionais a serviço de convicções políticas.
Neste momento, a comunicação deveria orientar a
população com critério, mas não é isso que vemos
A radicalização que marca o Brasil agravou a postura antiética de muitos comunicadores. Omitir ou turbinar conteúdos aumenta a desconfiança da opinião pública sobre a imprensa. Veículos de pequenos municípios gozam cada vez mais de credibilidade porque são fiscalizados por leitores, ouvintes, telespectadores e internautas. A cobrança, muitas vezes, é feita com dedo em riste, no meio da rua ou na saída da missa de domingo.
O despejo de notícias flagrantemente manipuladas não constrange quem usa a mídia como instrumento para interesses diferentes da informação. Muita gente “esqueceu” de mostrar os dois lados de uma notícia, pontos a favor e contra, deixando para o público fazer o julgamento. Há excesso de opinião e carência de conteúdo que permita um julgamento justo.
No momento em que milhares de vidas se perdem é ainda mais indecoroso ceder à tentação da manipulação covarde de manusear informações. A ditadura do confinamento que ainda não “achatou a curva” aumenta a aflição das pessoas que, na busca de orientações, ligam a tevê e são torturadas com imagens de covas e sepulturas, dia e noite, não importa o horário.
Vivemos a era da comunicação plena, conectados de maneira ininterrupta, mas assolados pela desconfiança da veracidade sobre o que lemos, ouvimos, assistimos ou acessamos pela internet. No momento em que a informação vale ouro, a credibilidade dos profissionais ligados à comunicação está em baixa. Lamentável!

