O modo no qual o homem lida com sua saúde é uma questão cultural. Falar sobre a saúde mental do homem, ansiedade, depressão e suicídio requer cuidados, porém, esses temas não podem ser deixados de lado, principalmente em um cenário de crescimento dos casos em todo mundo.
Apegados à crença limitante de que “homens fortes não choram”, o que resulta nas emoções contidas, chegam a situações que prejudicam a si e as pessoas do seu convívio. Com resistência em cuidar de sua saúde mental de forma preventiva, escondem muitas vezes sintomas graves, como os de depressão e, com isso, muitos homens acabam buscando válvulas de escape no álcool e em outras drogas.
Observo um aumento da busca pela psicoterapia por parte dos homens. Apesar do crescimento, ainda existe muita resistência ao tratamento. Estudos do Ministério da Saúde apontam que os homens não costumam fazer exames preventivos e que 60% deles procuram por um serviço médico quando as doenças já estão em estado avançado. Motivados por questões socioculturais que exigem que o homem seja forte, que não demonstre tristezas ou inseguranças e que deem conta de seus problemas e os resolvam sozinhos.
Repetindo um padrão, desde pequenos, os meninos não são estimulados a observarem seu corpo ou suas emoções, comportamentos machistas, fruto da construção da identidade feminina e masculina ao longo da história da humanidade. Enquanto os homens saíam para caçar, as mulheres ficavam “em casa” cuidando dos filhos.
Hoje, muitos pais e mães reforçam esses comportamentos na criação dos filhos, repetindo o modo como foram educados. Estimulando hábitos machistas pronunciando frases como: “isso é coisa de menininha”, “esse aí vai dar trabalho, vai ser pegador”, “menina tem que ajudar a mãe a cuidar da casa” e muitas outras frases que já estão enraizadas na nossa cultura, que vão introjetando nas crianças e repetindo o mesmo padrão.
De acordo com Ministério da Saúde, homens têm maior presença de determinados tipos de doença e morte se comparados às mulheres da mesma faixa etária. Além do maior risco de morbimortalidade, a construção social sobre o que é ser homem faz com que muitos deixem de procurar ajuda quando passam por situações de sofrimento emocional.
Portanto, na busca pela saúde masculina, será necessário quebrar barreiras culturais e tabus que podem fazer com que os homens resistam a falar de si, auxiliando-os a buscar ajuda mesmo antes de os problemas surgirem. Como também, é importante investir na divulgação dos fatores de risco e quais exames preventivos devem ser feitos. Esta cultura de prevenção pode ser estimulada por todos, contribuindo para uma compreensão de que buscar auxílio e cuidado de si não é sinônimo de fragilidade.
Enquanto sociedade, precisamos fazer uma reflexão profunda do que é ser homem, superar os entraves gerados pela concepção universal, compreender que o papel que nos foi ensinado é, na verdade, uma construção social, que não corresponde necessariamente à realidade. Sendo fundamental falar da saúde mental do homem, por ser um assunto cercado por tabus e discriminações, que por vezes impedem o homem falar sobre seus sentimentos.
Desconstruindo crenças limitantes, quebrando tabus poderemos ajudar o homem perceber a importância de buscar ajuda de um profissional da saúde mental, mesmo antes de os problemas surgirem, para manutenção de uma vida saudável e feliz.
