O ex-prefeito de Arroio do Meio, Danilo Bruxel (2001-2008) vivenciou duas enchentes no início da gestão, num momento em que a prefeitura se recuperava de dívidas, trazendo desafios estruturais e sociais. O gestor relembra que, naquela época, não havia redes sociais, mas também houve muita solidariedade da comunidade.
Segundo ele, na atual enchente, faltaram informações precisas sobre a medição do rio Taquari e o volume de precipitações na região alta. Paralelamente, no município e região, não ocorreram chuvas tão desproporcionais, o que levou muitas pessoas a não acreditarem na possibilidade da cheia atingir a proporção de 33,15 metros na medição do Balneário. “Muitos começaram a ajudar os vizinhos e, quando viram, o rio estava em suas casas. Talvez os fatos de não terem ocorrido cheias mais expressivas depois de 2001, e muitas famílias terem vindo de fora neste período, possam ter dificultado uma reação mais rápida”, pondera.
Bruxel acredita que a Defesa Civil Municipal pode ser melhor estruturada, por meio da aquisição de, pelo menos, uma embarcação, coletes salva-vidas e cadastro de voluntários que possam ajudar com barcos e caminhões, para dar um suporte ao Poder Público. “Muitos não ajudaram porque não sabem conduzir um barco na correnteza. O Poder Público poderia contratar um treinamento. Em muitos municípios foi criado o Corpo de Bombeiros voluntário. Por que não criarmos uma Defesa Civil voluntária. Não haveria dificuldades para captar recursos para aquisição de equipamentos, muito pelo contrário”.
O ex-prefeito também defende que uma régua seja instalada num ponto de melhor acessibilidade – já que o Balneário Municipal fica ilhado – e que o posto de coordenação da Defesa Civil Municipal seja ocupado por um servidor do quadro e não um CC, ou político. “Pela importância do cargo, é estratégico, capacitar alguém que faça um trabalho de longo prazo, que tenha um levantamento detalhado dos impactos ambientais e que conduza um comitê de crise. Na época em que administrava o município, o engenheiro Klaus Werner Schnack, hoje prefeito, coordenou os trabalhos de forma exemplar, sendo uma referência nas informações”.
Ainda na visão de Bruxel, deve haver maior sincronia de informações com as coordenarias de Defesa Civil das regiões onde estão as cabeceiras dos rios Antas, Taquari, Carreiro, Guaporé e seus afluentes, assim como o próprio arroio Forqueta.
Danilo também avalia a necessidade de centralização da ajuda às vítimas, com cadastros completos das famílias atingidas – com levantamento preciso das perdas e principais demandas – para otimizar o auxílio e não gerar desperdícios. “A coordenação precisa ser profissional. Sabe-se de casos de que até curiosos pegaram donativos”, revela.
Considerando aterros feitos nos últimos anos, Bruxel destaca a necessidade de se rever a segurança da cota de 32 metros de elevação para edificações. “A cheia alertou muitos investidores interessados em estruturar novos empreendimentos. Se alcançou agora, é provável que pode repetir ou ultrapassar esses números. De imediato deve ser proibido reconstruir em áreas de risco, em locais onde houve perda de casas, sem vistas grossas. Lembro que em 2001, conseguimos recursos da União para construção de 15 casas para famílias atingidas no loteamento Glória, em Bela Vista.
Para Danilo, os casos suspeitos de Covid-19 devem aumentar nas próximas semanas, trazendo uma preocupação ainda maior para os profissionais de saúde. “É inevitável. Muitas pessoas ficaram por horas, até dias, com as roupas molhadas”. Por fim, lastima efeitos ainda mais intensos a famílias e empresas que já sofriam com a crise econômica.


