Ninguém conhece melhor a comunidade que o prefeito e os vereadores. São representantes legais que têm a obrigação de conhecer as leis, as necessidades e possibilidades de atender as demandas da população. Toda a riqueza que compõe o PIB do país é gerada ali, no município, mas menos de 20% permanece na comunidade para resolver as agruras locais.
Já perdi a conta dos textos que escrevi sobre a importância da eleição municipal. Além de ter nascido na colônia, no bairro Bela Vista da nossa Arroio do Meio, tive o privilégio de trabalhar como jornalista junto de vereadores, prefeitos e vices, além de deputados – federal e estaduais – dois governadores do Estado e quatro presidentes do Tribunal de Justiça do RS.
Depois de mais de 40 anos de experiência, constato que os municípios perderam a pouca autonomia e consideração de que gozavam antigamente. O municipalismo é um movimento simpático, cuja adesão é unânime, mas esta admiração – quase sempre – fica no discurso. Quem tem o condão de mudar a situação, muitas vezes conquista um mandato e se acomoda a partir da distância de Brasília.
Diante da urna decidiremos o futuro da
nossa cidade para os próximos quatro anos
O pleito deste ano terá peculiaridades históricas. Esta semana recebi uma ligação de uma secretária de um município do sul do Estado. Ela perguntou sobre minha disponibilidade para organizar a tentativa de reeleição do prefeito, cuidando da comunicação da campanha eleitoral.
– Este ano é preciso muito conhecimento de redes sociais e criatividade para elaborar cards, post, enfim, criar conteúdos virtuais. Acho que os cabos eleitorais, daqueles tradicionais, do corpo a corpo nas vilas e bairros, terão importância reduzida – afirmou.
O voto é uma instituição tão democrática, que até os interesses mais inconfessáveis podem ser usados para justificar uma escolha. A tradicional troca de favores, cestas básicas, carona (transporte) de eleitores até o local da urna e dentaduras são emblemas históricos do pleito. Como não acredito na redenção do ser humano no pós-pandemia, também sou cético quando à seriedade que vai nortear o sufrágio do eleitorado.
Parceiros de futebol e festas, amigos de um amigo, peças publicitárias atraentes (mas com pouco conteúdo) e outros argumentos continuarão tendo grande influência. É uma lástima, porque serão quatro anos para lamentar, embora muitos sequer lembrarão dos nomes sufragados depois de algumas semanas.
Mudar ou confirmar, protestar ou sugerir, fiscalizar ou se omitir. Tudo estará em jogo diante da urna eletrônica na eleição mais importante das nossas vidas.

