Então é Natal e o que você fez? Mais um ano acabou. E um novo apenas começou (John Lennon, 1971)
Casas e ruas enfeitadas, preparação para festa de final de ano. Lindo cenário para comemorar e celebrar o tão esperado Natal. Crenças, segmentos religiosos e coros preparam-se para celebração natalina entoando hinos de louvor. Famílias reunidas, presépios, parentes, amigos, sorrisos, compras e presentes para a tão esperada revelação do amigo secreto, abraços calorosos e o desejo de um Feliz Natal (ressalvada grande parte da sociedade e da humanidade que não vive e talvez nunca viveu estes momentos).
Não, para tudo, não pode ser assim! Tudo mudou! O cenário é outro. Todos os personagens necessitam do uso de MÁSCARAS. Vários saíram de cena. Nada de encontros, nada de abraços, nada de festas, nada de aglomeração. O universo adoeceu e nós humanos estamos em perigo. E agora? Vontade de chutar o balde? Não faça isso! Puxe na memória e não omita os detalhes. Com o que mesmo você se importou durante o ano que pouco a pouco se finda? Em uma análise retrospectiva, como foi 2020 para você? O que você fez?
Então, de repente como nunca vivido e jamais imaginado, atravessamos um ano singular, um ano ímpar! Certezas, planejamentos e expectativas foram tomadas por dúvidas, lágrimas, perdas, medos, angústia, ansiedade, isolamento social, restrições, etc., afinal, a pandemia de covid-19 assombrou a humanidade como um todo. Calma, apesar de tudo aprendemos e muito. Vivemos um ano onde reaprendemos a aprender, a ressignificar a vida, criar, superar. Um ano significativo onde cada experiência nos ensinou a ser resilientes, colecionamos momentos bons e, afinal, estamos aqui.
Percorrer o tempo significa colecionar memórias, lembranças e saudades. Voltar ao tempo dói, por vezes, sim, porém a dor do existir traz consigo experiência, vivências, evolução e a revelação da resiliência: “eu sou capaz, eu cheguei até aqui, eu consegui, eu conquistei, eu superei, eu vivi”.
Define-se por resiliência a capacidade de uma pessoa lidar com seus próprios problemas e vencer obstáculos. Ter habilidade para lidar e se adaptar aos momentos difíceis da vida, sejam tragédias pessoais, estresse diário intenso ou mesmo desastres, é parte do processo do crescimento e pode ser promovida desde o nascimento.
Desse modo, a resiliência é extremamente importante em nossa evolução. Nos reinventamos como família, como pais e filhos, como professores, como profissionais da saúde, como profissionais autônomos, em nosso trabalho, com nossas amizades e superamos muitos desafios neste ano que se finda. Como superamos.
Nem sempre paramos para refletir sobre o verdadeiro significado das coisas. Por vezes, nos iludimos com a riqueza vinda do acúmulo de bens. Trocando-se o sentir do viver pela incessante busca dos valores materiais acreditando que, ao final, farão jus à riqueza e consequentemente à felicidade. Lamentável engano! Todos partiremos sem levar nada, inclusive o corpo carnal será deixado. Poucos percebem que são felizes e que a felicidade está nas pequenas coisas, nas possibilidades diárias do viver, sentir, enxergar, ouvir, falar, andar, tocar e amar.
Antes de valorizarmos os bens materiais dever-se-ia dar valor ao milagre da vida. Reflita comigo: quando se vai a um hospital é possível o encontro de muitas pessoas que dariam tudo para poder respirar sem aparelhos o ar que temos de graça. Quantos não gostariam de beber pura e suave água, sentindo o frescor daquele maravilhoso e precioso líquido passando pela garganta e se alojando em seu organismo, em vez de se submeter a agulhas que levam soro às veias. Poder conversar com as pessoas, com os filhos, ver os amigos, receber um abraço, dar um grande beijo, em vez de ser submetido a amargos e dolorosos tratamentos para uma doença terminal. No entanto, basta uma pequena reflexão para entendermos que nada tem mais valor na vida que a própria vida. Mesmo com todos os seus contratempos e com todas as suas mazelas, a vida ainda é o nosso maior bem.
Por hoje, compartilho com vocês meu bem maior. Quando era criança minha eterna mãe me ensinou muitas coisas e uma delas, talvez a mais importante da minha vida, foi que Deus cuidava de mim e que todas as dificuldades pelas quais passamos são motivos de honra, pois temos a oportunidade de sermos cada vez melhores e mais sábios. Entendi que isso se chama evolução humana, evolução espiritual.
Também aprendi que o pinheiro, símbolo do Natal, é uma árvore que passa por todas as dificuldades que as mudanças climáticas trazem e continua sempre verde. Aguenta ventos fortes e não se quebra. Passa pela chuva, pelo frio e, em alguns países, enfrenta a neve com bravura. Sempre cresce em direção ao céu. Entendi como estado de graça, de persistência e de gratidão.
Portanto, como o pinheiro é maravilhosamente enfeitado na época do Natal, que a nossa história no desenrolar do novo ano de 2021 vá se enfeitando em laços de esperança, paz, amor, respeito, gentileza, empatia, beleza e doçura para aqueles que estão a nossa volta, transmitindo a vida. Agradecer pela família, amigos, trabalho e pessoas conhecidas. Agradecer por tudo apesar de tudo. Agradecer, simplesmente agradecer, e não esqueça de se cuidar. Há muito para se viver e se aprender nesta linda viajem chamada VIDA!
Feliz e abençoado Natal e um próspero Ano Novo!



