Em espaços coletivos ou mesmo domésticos, as hortas urbanas têm caído no gosto popular das grandes cidades. Mas, em regiões mais distantes das metrópoles, elas já são bem conhecidas há tempos, assim como os seus benefícios, que não são poucos.
Além de embelezar, estas hortas fornecem alimento de qualidade e sabor único, sem agrotóxicos, contribuem para a economia da família, que não precisa comprar o que planta, incentiva a cooperação, na troca entre vizinhos e amigos e são auto terapêuticas, pois mexer na terra, plantar, regar e cuidar também ajuda a eliminar o stress e amenizar a ansiedade do dia a dia.
Para a terapeuta de Reiki e Thetahealing, Betina Bersch, a pandemia mudou os planos previstos ainda para 2020, junto do namorado Alexandre Schmidt. Ambos, que estavam na Europa, haviam voltado ao Brasil no início do ano passado para rever família e amigos, com as passagens de volta já compradas para maio daquele ano. Porém, com a pandemia irrompendo no mundo todo, o retorno não pode ocorrer e eles precisaram adaptar-se à nova rotina, ficando em Arroio do Meio. Morando junto com os sogros, Betina direcionou sua atenção para uma parte do terreno que não era muito utilizada na casa, no Centro, e dedicou-se a transformar a área.
“O espaço não estava sendo usado e havia muito mato. Eu, como precisava desestressar, todos os dias vinha aqui e fazia um pouco de tudo. Quando terminei a limpeza, pedi a meu sogro se poderia usar o espaço para plantar”, explica.
Após a limpeza, encontrou um espaço ideal de horta, com os canteiros definidos com tijolos e os caminhos todos em laje. A terra foi preparada e recebeu sementes e mudas para abobrinha, berinjela, pimentão, cenoura e temperos como manjericão. Vegetarianos, Betina e Alexandre passaram em poucos meses a colher e saborear o que plantavam e também a partilhar e trocar produtos com os mais próximos. “Eu nunca havia plantado antes, no exterior havia aprendido o outro processo de limpar e preparar a terra. Para mim, ter as mãos na terra, andar descalça por ela é fundamental. Digo que esta horta me salvou neste tempo de pandemia. Venho aqui todos os dias, antes mesmo de tomar o café da manhã”, relata a terapeuta, que percebe nas próprias plantas o resultado de sua dedicação e amor a elas. A bergamoteira que fica junto à horta, se renovou depois que Betina passou a cuidá-la e, neste ano, depois de muito tempo, dará tantos frutos que seus galhos já começam a ficar pesados. O bem-estar veio de forma mútua tanto para a mão que cuida como para as plantas cuidadas. “Eu não sei quais são as perguntas, mas as respostas são sempre a natureza”, conclui. Além da horta, o espaço abriga também uma composteira, de onde vem o adubo para os canteiros. Tudo feito de forma natural.
Para Alexandre, ver Betina dedicar-se à horta e acompanhar de perto toda a sua mudança é motivo de muito orgulho e admiração. “Ela chama este lugarzinho dela de cantinho da meditação e vejo que ali ela encontra paz, é como um templo para ela, esse espaço representa um mundo só dela”, descreve.


