O Rio Grande do Sul recebeu no dia 1º deste mês, a maior remessa de vacinas contra a covid-19, repassada ao estado até o momento. Foram 600.400 doses de CoronaVac, do Instituto Butantan, e 44.750 da Oxford/AstraZeneca, produzida pela Fiocruz, totalizando 645.150 enviadas pelo Ministério da Saúde. O carregamento chegou a Porto Alegre, de manhã, em avião da empresa aérea Azul, que pousou no aeroporto Salgado Filho. O maior lote havia sido o primeiro, com 341,8 mil doses, em 18 de janeiro.
Do aeroporto, as doses foram transportadas em caminhão refrigerado para a Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Ceadi), na zona leste da capital. Separadas por Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), foram distribuídas, na mesma manhã, às 18 unidades e municípios próximos.
Na região que compõe a 16ª CRS, a qual Arroio do Meio, Capitão, Marques de Souza, Travesseiro e Pouso Novo fazem parte, no mesmo dia foi enviado, pela coordenadoria, um e-mail solicitando a retirada dos imunizantes. Conforme a técnica em enfermagem, Rodiane Barbosa, da Secretaria Municipal de Saúde de Arroio do Meio, todo o processo, desde a busca das doses, até a aplicação na população, obedece a um rigoroso quadro de critérios. Segundo ela, um técnico e um motorista levam até a coordenadoria uma caixa para armazenamento – tudo criteriosamente ambientado com temperatura entre dois e oito graus. “A nossa caixa tem de chegar lá, e não atrasar também o fluxo, pois são 56 regiões. Temos um determinado horário para retirar, o técnico confere as vacinas com o técnico da 16ª, conferem o lote, laboratório, a temperatura da caixa,” explica.
Doses, aplicação e descarte
A questão da temperatura do acondicionamento é cuidada tanto na viagem, como assim que chegam ao município. Cada frasco contém 10 doses para aplicação, alguns da Oxford/AstraZeneca contêm cinco. “Mas estes são bem específicos, como os para as forças de salvamento e segurança, que vieram estes, que têm cinco, senão a maioria vem com 10 doses, para os drive thrus”.
Para organizar o drive thru, a equipe de saúde já costuma deixar algumas seringas prontas para aplicação (com a dosagem da vacina já aspirada, feita pouco antes de ir para a Rua de Eventos), conferindo mais agilidade ao movimento da vacinação. A medida de vacina na seringa é de 0,5 ml a dose e todas elas vêm com a marcação mostrando a quantidade, que é rigorosamente conferida e cuidada sempre. O processo mantém toda a assepsia necessária e é controlado apenas por Rodiane e mais uma técnica, evitando que muitas mãos manuseiem o material. “Depois, nós duas ficamos responsáveis também por aspirar aqui (Rua de Eventos), ficamos controlando, conforme vai terminando o estoque, vamos repondo”, observou a técnica, que na manhã de terça-feira atuava na vacinação.
Após a utilização das seringas, elas são depositadas em descarpacks –coletores de perfurocortantes, desenvolvidos para descartar materiais que cortam ou perfuram, provenientes das ações da atenção à saúde gerados em hospitais, laboratórios, consultórios médicos e odontológicos e clinicas veterinários, com carga potencialmente infectante. As ampolas são colocadas em um outro descarte, dentro da unidade de saúde.
As seringas são recebidas também via 16ª CRS. “Conforme vem um lote de vacinas, vem um lote de seringas junto”, salienta a técnica. A quantidade tem se mostrado suficiente para a campanha.
Dúvidas frequentes
Questionada sobre quais são as dúvidas mais frequentes que a comunidade tem mostrado a respeito da vacinação contra covid-19, a técnica avalia que a maioria é em relação ao laboratório. Salienta que as vacinas CoronaVac têm sua segunda dose em 28 dias, enquanto a Oxford/AstraZeneca, em três meses. “Muita gente tem nos ligado por causa dessa dúvida, por essa questão de em quanto tempo se faz a segunda dose”, diz, salientando que o efeito da vacina será o mesmo: “Protege da mesma forma, o importante é seguir o programa, fazendo as duas doses”.
Outra dúvida que vem surgindo desde o início da campanha é sobre a vacinação contra a gripe e o tempo de intervalo que se deve ter. “Quem fez a CoronaVac, do Butantan, tem a segunda dose em 28 dias e está orientado a completar esse esquema. Quinze dias depois da segunda dose, vai poder fazer a da gripe. A da Oxford já é diferente, 15 dias depois da primeira dose, vai poder fazer a da gripe. Então não vai ter interferência, vai conseguir fazer neste meio tempo”, conclui.
Novo lote
O estado recebeu ontem, quinta-feira, mais um lote de vacinas contra covid-19. Ao todo, 301.550 doses chegaram de aeronavem às 8h50min, no Aeroporto Salgado Filho. São 159.750 doses da vacina de Oxford/AstraZeneca, produzidas pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e outras 141.800 da CoronaVac, do Instituto Butantan. O material seguiu os trâmites indo para a Ceadi e, de lá, sendo distribuído às CRSs.
Para a idade, data e horário do novo drive thru, acompanhe o AT no Facebook (@jornaloaltotaquari).
Lote com menos doses em Marques de Souza
Em um dos últimos lotes de vacinas encaminhadas pela secretaria de Saúde do Estado a secretaria de Marques de Souza percebeu a redução de doses em frascos da CoronaVac desenvolvida pelo Instituto Butantan. Ao todo foram recebidas 150 doses. De acordo com o secretário da Saúde Lairton Frederico Heineck, algumas delas apresentaram menos mililitros (ml) da vacina, o que prejudicou a contagem de vacinados e doses distribuídas.
Conforme o secretário, uma notificação foi encaminhada imediatamente à 16ª CRS, solicitando a reposição das doses ausentes em alguns dos frascos. “Isso gerou um problema na contagem de doses distribuídas e aplicadas. Alguns frascos, onde normalmente continham 10 doses, apareceram com 8 ou 9”, descreve.
Sobre a falha na distribuição e dosagens em frascos, o coordenador regional adjunto da 16ª CRS, Ederson da Rocha afirma que o problema foi detectado em mais municípios. A orientação foi para que as secretarias emitissem uma notificação com o número do lote para que as coordenadorias e secretaria estadual comuniquem o Ministério da Saúde e os laboratórios para encaminhar a reposição.




