A lista era enorme. O casal havia decidido que em 2024 escolheria um lugar mais adequado para curtir as merecidas férias. Queriam voltar exaustos de tantas atividades recreativas. Pesquisaram pacotes turísticos para as seguintes praias: Jericoacoara, no Ceará, Florianópolis e Porto de Galinhas, em Pernambuco. Nada de novo, ou original. O problema é que todas as opções desabavam nos preços exorbitantes da alta temporada. E o desânimo fechou as esperanças deles.
Mas nem tudo estava perdido. Um colega de trabalho confidenciou que tinha um apartamento na Avenida Brasil, em Camboriú. E que apesar da alta temporada, tinha reservado para um familiar que, nesses azares da vida, contraíra dengue e não poderia viajar. Teriam dez dias com preço amistoso. Menos da metade do que lhes estavam pedindo. Toparam é claro. Os primeiros três dias foram divertidos, conseguiam reservar barracas com os garçons dos bares enquanto buscavam o sol entre um mar de gente e bronzeadores.
No terceiro dia, uma criança fez xixi na mochila da esposa. Horrível! Pior, a contabilidade do passeio apontou que estavam gastando muito mais do que podiam naquele diminuto cercadinho de areia. Decidiram buscar alternativas à Praia Central. Tentaram a Praia das Laranjeiras e a Praia dos Amores. Longas filas, nenhuma vaga para deixar o carro apesar das belas paisagens litorâneas.
Assim, antes de encerrarem o período combinado, voltaram para casa. Estavam esgotados de tantos engarrafamentos em estradas acanhadas, de pagar caro por uma comida de qualidade questionável e do consolo de uma vista bonita dividida em frestas entre milhares de veranistas.
No caminho de volta, conversaram com o sogro que lhes propôs passarem o resto das férias na casa de praia da família, no litoral gaúcho. E jurou que os deixaria à vontade, pois combinara com a esposa, uma pescaria com amigos na Lagoa da Rondinha no Balneário Pinhal. E ficariam por lá mesmo mais alguns dias.
E assim, rumaram de Camboriú, Itapema e outras lindas praias para o litoral raiz dos Pampas. Em Cidreira tinha muita gente, mas podiam ver o mar! E se era clarinho, ou chocolatão, tinham espaço para o cheiro da maresia e, nem mesmo o vento Nordestão, os abalava mais. Nada que uma boa ducha não resolvesse.
Aproveitaram as horas seguintes entre muito drinks, churrasquinhos e peixes fritos. O céu azul lhes permitiu dias lindos – quase perfeitos – e ainda visitaram as dunas de Cidreira. Voltaram, enfim, relaxados e convictos de que, a beleza do litoral catarinense, a partir de agora, será reservada ao pós-temporada. O ideal, em férias, é um lugar bacana. Com certeza! Mas o amontoamento tem o patrocínio do estresse. Ninguém merece.