Escrevo quase à luz de lampiões e velas, porque enfrentamos outra série de fortes chuvas e um vendaval que derrubou postes e árvores. É quase uma tradição na primavera, que iniciou oficialmente dia 22, comprovadamente no exato momento em que o deus Sol abria as portas chuvosas para Libra, meu signo. E assim, respeitando o que dizem sobre nós, librianos, escrevo mantendo um esforço admirável em parecer racional e equilibrado.
Mas não se iludam, aqui dentro, vive um anti-social avesso às paparicações, que faz uma força imensa para não se irritar com tudo que acontece em dias de campanhas políticas. Temos ainda mudanças graves na sofrida Mãe Natureza alterando padrões de clima e temperatura. E nós, ditos civilizados humanos, somos responsáveis, em parte, por essas tragédias ambientais.
No meio de tudo isso, o libriano que digita essas mal traçadas linhas tenta ser um sujeito consciente e apoiador das causas ecológicas. Mas sabe que ainda contribui para o aumento da poluição ao utilizar combustíveis fósseis e pouco consegue fazer contra o desmatamento e queimadas.
Aliás, já estou prevendo meu comportamento futuro. Manterei o sujeito sociável, bem enturmado entre gente bacana e sempre pronto para uma boa conversa. Por mais um ano serei equilibrado parecido com os dias e as noites dessa época que possuem, basicamente, a mesma duração, 12 horas cada.
Ah! Até o final do mês – ainda no tal período de inferno astral – sei que aparecerá alguém que descobriu meu aniversário nas redes sociais e irá sugerir um brinde, uma fatia de bolo e aí, naturalmente, como bom libriano, saberei retribuir as felicitações à altura. E como sou um sujeito inseguro, fico pensando em minhas atitudes em relação aos que me cercam. Será que não estou errando com os verdadeiros amigos e valorizando bajuladores?
Uma colega de antigas pautas nas redações da vida jornalística, era leitora assídua de guias astrológicos e me garantiu que alguns defeitos do meu signo, também poderiam acabar me ajudando. “Vocês librianos tendem a ficar em cima do muro, em dúvida sobre como agir, mas carregam a balança como símbolo, ou seja, buscam sempre o equilíbrio”.
Eu sei que a ansiedade faz parte de minha personalidade e acaba sendo um cisco a desequilibrar na precisão dessa minha balança. Eu, por exemplo, gosto de ser justo, não me atravessar nos projetos alheios e trabalhar, sempre, em grupo. Valorizo as verdadeiras amizades e curto ser reconhecido por isso (é o lado vaidoso do libriano, desculpem).
A chuva deu uma trégua, vou buscar um café e encerrar esse texto à espera que outros librianos compreendam a mensagem que pretendi passar. Tem gente que diz sermos superficiais, que só valorizamos a estética e elogios. Que bobagem, nem dieta tenho feito. Mas aceito uma mensagem apoiando minha defesa a estética comportamental dos librianos. Um reconhecimento às vésperas do aniversário é um mimo sem preço.