Três enchentes históricas e uma eleição municipal. Estes foram os principais eventos que a comunidade da nossa Arroio do Meio enfrentou nos últimos meses. Apesar de toda resiliência e do espírito de reconstrução da nossa gente, não tem sido fácil suportar tantos reveses. A crença nos valores legados da família – trabalho, foco na coletividade e ética – sofreram abalos diante de tanto sofrimento. Desde a ocorrência das enchentes preguei que não deveríamos ter eleições este ano. Mas os empecilhos legais, somados à impossibilidade de abrir exceções, obrigou os arroio-meenses a comparecerem às urnas no último domingo. Fato, aliás, que se repetiu em todo o Vale do Taquari e demais municípios gaúchos impactados pela tragédia climática sem precedentes.
A eleição evidenciou as diferenças de projeto dos candidatos que existem não só em Arroio do Meio, mas em todos os municípios. Minha discordância quanto à realização da eleição diz respeito à necessidade urgente que temos de unir forças e concentrar todas as energias para a reconstrução da nossa comunidade. A tragédia trouxe milhares novos amigos, até então desconhecidos, que vieram de todas as partes do país – e até de fora do Brasil – para prestar solidariedade e socorro concreto, através de alimentos, material de construção, agasalhos e tantas outras coisas.
Por isso, me soa incoerente dividir a comunidade na disputa por cargos que, não resta dúvida, são importantes. Mas será que o amparo às centenas de famílias que perderam tudo não é mais importante, humano e urgente? Diante de tamanho sofrimento é complicado pedir à comunidade que esqueça as consequências da disputa eleitoral corrida há cinco dias. As feridas, abertas no embate, demoram para cicatrizar. Sentimentos foram atingidos, sonhos destruídos e projetos interrompidos. Como sempre, o tempo é o senhor da razão. E mostrará o caminho a ser trilhado na reconstrução.
A partir de 1º de janeiro teremos uma nova administração no comando do município. Repito à exaustão que as eleições municipais são as mais importantes porque todos os candidatos são conhecidos do eleitor. Além disso, prefeito, vice e vereadores têm a função fundamental de influenciar diretamente em nossas vidas. Não basta estudar, escolher e votar. É preciso, ao longo dos próximos quatro anos, fiscalizar todos os dias as ações dos nossos administradores. Abster-se de votar e não acompanhar o trabalho do prefeito, vice e vereadores é comprometer o futuro de nossos filhos. E ignorar o sofrimento de milhares de conterrâneos assolados pelas enchentes. Pense nisso!

