Por Neusa Alberton Bersch
A profissão de costureiro tem uma longa história. Mesmo que a costura possa parecer uma profissão tradicionalmente feminina, é cada vez maior o número de homens que vêm se dedicando a esta área.
Nercio Cadore, 54 anos, marido de Loreci Arnhold, 45 anos, comprova esta afirmativa. O casal está à frente da Lore Costuras, uma empresa totalmente voltada à costura, localizada no bairro São Caetano, em Arroio do Meio.
A máquina de costura que Loreci recebeu de presente da mãe ao completar 15 anos, foi o presságio de qual seria a profissão que viria a seguir na vida. E, de fato, sempre trabalhou com costura.
O primeiro emprego formal foi aos 16 anos na indústria calçadista. Depois de atuar por dez anos como costureira de calçados e cansada do ambiente de fábrica, sentiu vontade de trocar de trabalho, mas não de abandonar linhas e agulhas. Embora nunca tenha feito um curso de corte e costura, a oportunidade de trabalhar em uma confecção de tecidos era perfeita e chegou no momento certo.
No novo emprego, produziu milhares de peças, pôde aprender e ao mesmo tempo dividir conhecimento. “Sempre fui habilidosa, perfeccionista e ágil na produção de qualquer peça, fosse ela exclusiva ou produzida em grande escala”, admitiu ela, recordando que já na pré-adolescência, fazia consertos nas próprias roupas.
Trabalhando na confecção após o expediente, a sala de estar da casa onde viviam ela, o marido e a filha Rafaela, virava sala de costura. Com a máquina recebida da mãe fazia pequenas reformas em roupas de conhecidos, vizinhas e pessoas que vinham por indicação de alguém. Também costurava cortinas e roupa de cama.
Em pouco tempo, equiparam-se com novas ferramentas e máquinas modernas. A noite era curta para tanto trabalho embora o marido adiantasse alguns serviços como abrir costuras e retirar fechos e botões. Vendo a possibilidade de crescimento e para dar conta de tanto trabalho, Loreci decidiu dedicar um turno do dia para a própria confecção.
O marido, Nercio Cadore, caminhoneiro, viajou por 25 anos pelo país transportando produtos. Em virtude de problemas de coluna e colocação de uma prótese de fêmur, precisou abandonar a profissão. Por meio de cursos realizados via internet, aprofundou conhecimentos tornando-se excelente costureiro, criterioso na escolha de moldes, tecidos e inclusive no conserto e manutenção das máquinas, permitindo autonomia e redução de custos.
A sala da casa ficou pequena. A garagem passou a ser utilizada, restando a cozinha para a família ter privacidade, receber amigos e familiares. Loreci pediu demissão do trabalho e passou a dedicar-se exclusivamente à confecção e à construção de um novo espaço, ao lado da residência, projetado para atender as necessidades da confecção, atendendo melhor clientes e fornecedores.
Gradativamente, as primeiras máquinas foram substituídas por outras mais modernas. A mais recente aquisição foi uma máquina computadorizada, que fala com o operador, aponta erros que estejam ocorrendo na costura em andamento e dá as coordenadas. “Para utilizá-la foi preciso fazer um curso”, conta Nercio.
O espaço leva o nome de Lore Costuras e o casal segue otimista, trabalhando lado a lado, em tempo integral, confeccionando uniformes escolares, industriais, linha esportiva, cortinas, roupa de cama, bordados, costuras e reformas em geral.
“A escolha dos tecidos, a composição dos acessórios e aviamentos utilizados na produção de qualquer peça, tudo tem que ser perfeito. A qualidade no produto final vem em primeiro lugar, mesmo que isso represente não ter o melhor preço, mas sim preço justo pela qualidade do produto que está sendo oferecido,” admitiu.
Na costura também houveram avanços. “Em breve teremos a opção não apenas de fazer o remendo, será possível aplicar bordados. Temos uma variação muito grande com mais de 300 matrizes de bordados”. A ideia de montar um atelier completo e criar marca própria, está nos planos do casal, que no momento tem como foco trabalhar muito.