A música sempre esteve presente na vida do pastor Jair Erstling, 53. Filho de Aloisio Erstling, músico, instrumentista e regente de coral e de Alice Erstling. Jair cresceu em Alecrim (RS), uma cidade com influência germânica. Desde cedo, a melodia fazia parte de sua rotina, seja nas aulas de canto da escola primária, seja nas liturgias da Igreja Luterana, onde as vozes se alternavam entre o português e o alemão. Além do púlpito, ele também assumiu, por necessidade e paixão, o posto de regente do coral da comunidade. Uma atividade que se somou naturalmente à sua trajetória.
Formado em Teologia pela Faculdade do Seminário Concórdia, em São Leopoldo, Jair atua como pastor desde fevereiro de 1996 na comunidade luterana São Paulo, em Arroio do Meio. Foi ali também que fez seu estágio, dois anos antes. Casado com Celene Raquel Erstling, é pai de Júlia Camila e Bianca Sofia.
Apesar da forte ligação com os hinos sacros, a paixão de Jair pela música não ficou restrita às paredes do templo. Movido pela influência do irmão Sérgio, músico autodidata e gaiteiro que vive em Alecrim, Erstling encontrou na música tradicionalista um espaço de respiro e terapia. “Meu irmão e eu fazemos música por diversão, para mim uma terapia. Começamos a gravar algumas canções, misturando músicas sacras, gauchescas raiz e sertanejas. Aos poucos, construímos um público que nos acompanha nas redes sociais”, comenta.
Fã de Scorpions, Toto, Guns N’ Roses e também de nomes da música nativista como Elton Saldanha, Luiz Marenco e Renato Borghetti, Erstling navega livremente entre ritmos e estilos, com um olhar sensível e respeitoso.
A HISTÓRIA DA FAMÍLIA EM FORMA DE CANÇÃO
Foi essa vivência musical que inspirou Jair a compor suas próprias músicas. A primeira delas, “Lugar Acolhedor”, narra a jornada do seu avô Paul Erstling e sua família, que fugiram da guerra na Rússia/Ucrânia, viveram um período na Dinamarca e migraram para o Brasil em busca de paz. A canção ganhou um videoclipe e foi exibida pelo programa Galpão Crioulo, da RBS TV.
Na sequência, vieram “Ventos de Esperança”, também exibida pelo programa, e outras duas composições ainda não lançadas. Todas farão parte de um projeto em construção: um documentário musical que em breve deve chegar às redes sociais. “As letras contam histórias e buscam transmitir esperança, força e alegria. Mesmo que não sejam músicas cristãs, me preocupo com o conteúdo: que possam ser cantadas por crianças e idosos, sem ofensas ou apelos inadequados”, declara.
O EQUILÍBRIO ENTRE MÚSICA SACRA E NÃO SACRA
Pastor Jair não descarta a ideia de se apresentar em paróquias ou eventos, mas reforça que, por ora, a música permanece como hobby. “Já poderíamos estar na estrada com shows, mas temos nossos trabalhos e outras prioridades. Quem sabe no futuro”, afirma.
Sobre a convivência entre os dois universos musicais — o sacro e o secular —, Jair é direto: “Ambas têm sua importância. O que importa é a mensagem. Letras decentes e construtivas sempre terão valor, ela mexe com os sentimentos. A música é uma bênção de Deus”, finaliza. Ele reconhece que a música, além de ferramenta espiritual, tem sido um canal de amizade e parceria. Cita com carinho nomes como Ivo Spohr, Odair Gregory, Boeira, Bellomo e Jair Henrique Liesenfeld.