
Na semana passada fui convidado para um encontro, regado a churrasco e chope, por um amigo arroio-meense. A noite fria da sexta-feira não foi empecilho para o quórum qualificado que reuniu cerca de 15 pessoas, quase todas minhas conhecidas.
O grupo era formado por empreendedores, empresários, políticos e gestores. Eu era o único “ser estranho”, um curioso que mais ouviu que falou ao longo da noite, entre nacos de salamito e queijo como entrada, seguidos de generosos pedaços de carne macia de gado e suíno, culminando com saborosos chocolates “made in Arroio do Meio”.
A “charla” – como diz o pessoal da Fronteira – se prolongou até a 1h da madrugada, que estava úmida e fria, detalhes esquecidos diante de calorosas trocas de experiências. Confesso que fiquei positivamente surpreso com a preocupação coletiva das pessoas que me cercavam. Todos, sem exceção, lembraram as agruras impostas pela tragédia das enchentes do ano passado, contando episódios inimagináveis para que, como eu, não presenciei o fenômeno climático. Ao mesmo tempo, no entanto, ouvi relatos emocionados permeados de solidariedade, parceria e ajuda a todos que necessitaram de apoio.
Há muito por fazer. Os desafios são enormes
e exigem esforço, união, dinheiro, projetos
Passado o turbilhão das águas, os empreendedores discorreram sobre os planos e projetos para ampliar empresas de vários tamanhos. Falaram sobre a dificuldade de encontrar mão de obra nos 36 municípios do Vale do Taquari. Contaram, para minha surpresa, que alguns empresários apelaram para o trabalho prisional, montando oficinas e ateliers dentro dos presídios da região devido à escassez de trabalhadores.
Os políticos presentes ao encontro, apesar de pertencerem a agremiações adversárias em termos eleitorais, foram unânimes e convergiram para a importância da união de esforços para reconstruir Arroio do Meio. Trocam ideias sobre a necessidade premente de buscar alternativas de moradia e emprego para as famílias atingidas pelas águas de maio de 2023 e 2024.
Horas depois da reunião informal, já refestelado no quarto do hotel Moinho da Luz, refleti sobre tudo que vi e ouvi nas quase seis horas de confraternização. Constatei que a minha terra tem pessoas comprometidas com o futuro, não se furtam de buscar o entendimento e compartilhar ideias e dificuldades.
Há muito por fazer. Os desafios são enormes e exigem esforço, união, dinheiro, projetos e busca de parceiros dentro e fora da região e do Estado. Apesar do desafio, depois do encontro da semana passada passei a ter esperanças de que um Arroio do Meio pode renascer da água. Temos disposição, gente competente e compromisso com o futuro.