
Nas vezes em que participei de reuniões nas escolas onde meus filhos estudavam, sempre o que mais me chamou atenção, não foram os apontamentos sobre as traquinagens dos alunos, mas a reação, sempre na defensiva dos pais e mães. A sensação era de que criavam pequenos anjos mal compreendidos por insensíveis mestres. Essa situação, como vem demonstrando o noticiário nos últimos meses, vem piorando. Li em um site de notícias que, oito entre 10 educadores sofreram agressão no ambiente escolar no pós-pandemia, diz estudo do Instituto Ame sua Mente, de São Paulo.
Aqui em nosso estado, apenas em registros de ocorrência na Polícia, foram quase dois mil casos neste primeiro semestre. E quem não denuncia, por medo? E tudo começa a partir de abusos verbais, para a intimidação de educadores. Aí alguém vai me lembrar da professora que agrediu um aluno, mas isso é tão raro que vira notícia nacional. E deve ser tratado igualmente com o máximo rigor. Um erro não deve justificar outro.
Lembrei de um colega em meus dias de estudante. Um bom guri, mas agressivo demais. Especialmente com os professores e funcionários da escola. Durou até o dia em que chegou ao limite de levantar a mão contra nosso professor de inglês que, a rigor, era um “gentleman”. Chamaram os pais porque o “teacher” abandonou a sala temendo a reação do guri. Lembro que, nesse caso específico, a situação foi bem contornada. Meu colega recebeu uma punição e os pais o levaram a tratamento psicológico. Em poucos meses tudo melhorou.
Quantos não chegam às escolas com algo mal resolvido em casa? E nem me refiro aos temas. Muitos tendem a achar normal a agressividade em função de traumas domésticos. Tipo, o pai é um bruto, a mãe omissa. Um erro, pois esse relaxamento à moda “vai passar”, gera impactos negativos sobre o aprendizado e consequente conduta na adolescência e fase adulta.
Por exemplo, a criança agressiva e mal orientada pode evoluir para um tipo que considera normal dominar e intimidar os outros, exercendo uma típica liderança abusiva. Isso pode durar algum tempo, quem sabe uma vida toda, mas as consequências, igualmente, serão nefastas ao agressor, o conduzindo ao isolamento e fracasso em muitos projetos pessoais. Por fora um escudo fechado, lá dentro, uma criança devorada pela autodestruição. Fiquemos atentos às nossas crianças. Educar é ser atento, com amor e firmeza.