
“Estamos perdendo a capacidade de pensar? A pressa inimiga do pensamento profundo”. Este é o título do texto de autoria de Roberto T. G. Rodrigues. Ele elabora um espantoso, porém realista, quadro do nosso cotidiano dominado pela tecnologia.
O articulista faz uma série de perguntas. “Afinal, para que estudar, não é mesmo? Temos o Google, que responde em segundos e, dizem… até substitui médicos. Para que dicionário, se um tradutor online resolve tudo – de palavras estrangeiras até expressões que nunca usamos? Para que ler, se as inteligências artificiais já resumem livros em poucas linhas, prontas para caber no bolso da nossa pressa?”, indaga.
O teor é assustador e alarmista, parecendo ficção científica. Infelizmente é um retrato perfeito da realidade. Trocamos profundidade por conveniência, fazendo isso automaticamente. Entre um vídeo curto e um capítulo de um livro, não há dúvidas sobre qual é a preferência.
A repetição de hábitos molda quem somos. ”É uma espécie de treinamento que acostuma o cérebro a preferir o raso ao profundo, o imediato ao duradouro”, escreve o autor. Acrescenta que “a realidade, hoje, constitui uma era de estímulos constantes “onde cada notificação é uma pequena descarga de dopamina”.
Capturar a atenção dos leitores é um
exercício exaustivo, mas compensador
Ele emenda: “Nossa mente, viciada nesse ciclo, rejeita tudo que exige pausa, reflexão ou silêncio”. Por isso, para muitos, ler um livro parece cansativo. Não porque a leitura mudou, mas porque nós mudamos.
Roberto Rodrigues lembra que livros exigem tempo, atenção e paciência “e aí que está seu poder porque treinam a mente para pensar com clareza, fazer conexões e questionar. Preservam a cultura e o conhecimento acumulado por séculos. Cultivam empatia”.
A instantaneidade do mundo atual nos levou à pressa e à superficialidade em detrimento do pensamento profundo. Tudo aquilo que exige mais de 60 segundos de atenção – texto, vídeo ou áudio – é ignorado ou descartado.
Apesar desta realidade, não sejamos ingênuos para imaginar que é fácil modificar hábitos, comportamentos e modismos. A mudança exige coragem, além de abandonar, por alguns minutos todos os dias, as distrações rápidas para mergulhar no que realmente alimenta a mente e a alma.
O esforço de educadores, autores e editores não será em vão, mas exige persistência, coragem e energia muito acima da média. Capturar a atenção dos leitores – e manter o interesse – é um exercício exaustivo, mas compensador.