A safra de trigo em Arroio do Meio mostra sinais de recuperação em 2025, após dois anos de grandes dificuldades. Segundo dados da Emater, a área cultivada neste ano ficou em torno de 80 hectares, semelhante ao ano passado, número ainda pequeno diante dos mais de 400 hectares registrados em 2023, antes das enchentes.
O engenheiro agrônomo da Emater, André Michel Müller, explica que o clima mais seco e frio deste inverno beneficiou as lavouras. “É cedo para falar em produtividade, mas, se as condições se mantiverem, deve ficar acima de 40 sacas por hectare. É importante lembrar que a região dos Vales não é das mais aptas ao trigo, por causa dos invernos amenos e do risco de eventos climáticos como granizo e excesso de chuva na colheita”, avalia.
A colheita do trigo ocorre entre outubro e novembro. O grão de melhor qualidade, com maior peso de hectolitro (PH), é destinado a moinhos para produção de farinha. Já o de menor qualidade geralmente vai para cooperativas e indústrias, utilizado na alimentação animal.
Para os agricultores, o trigo segue sendo importante como cultura de rotação, principalmente antes da soja. Já para quem planta milho cedo, o cultivo de trigo no inverno não é possível.
Na prática, o cenário também é visto com otimismo pelos produtores locais. O jovem agricultor Luan Brentano, 22 anos, instalado na Cascalheira, destaca que as lavouras estão em bom estado neste ano. “O trigo está bem bonito, sadio, o frio ajudou muito e segurou as doenças. Claro que ainda dependemos do clima até a colheita, mas, olhando agora, está bem melhor do que em 2023 e 2024”, comenta.
Brentano plantou cerca de 30 hectares em sua propriedade, uma área menor que em anos anteriores. “Reduzimos porque o trigo nem sempre dá lucro. Vínhamos de dois anos só de despesas. Agora, com o tempo ajudando, a expectativa é de uma colheita razoável”, relata.
Apesar da melhora, o futuro do trigo na região ainda é incerto e depende de fatores como o preço pago ao produtor e as condições climáticas. A tendência, segundo a Emater, é de um leve aumento da área cultivada nos próximos anos, ocupando áreas que foram recuperadas das enchentes.