
No Rio Grande do Sul, o consagrado “conto do bilhete” é um dos mais antigos golpes contra a credulidade humana. Desde que nasci ouço notícias desta falcatrua que, apesar da notoriedade, continua fazendo vítimas de todas as idades. No bairro Bela Vista, década de 60, com poeira e barro, havia queixumes.
Hoje, a tecnologia trouxe inúmeros confortos. A mais prosaica atividade rotineira pode ser cumprida com um simples toque. No telefone celular e até mesmo em relógios de última geração.
Movimentar a conta bancária, acessar produtos e serviços, marcar consultas e inúmeras tarefas são cumpridas com rapidez e foram incorporadas ao cotidiano. Mas “como tudo tem os dois lados”, dispositivos e ferramentas aumentaram significativamente a variedade de golpes.
É muito difícil encontrar alguém que não use celular. A generalização deste hábito rendeu uma brincadeira com fundo de verdade: “O celular serve até pra gente fazer uma ligação e conversar com amigos e familiares”. O incrível é que, para isso, normalmente se envia um whatsapp perguntando: “Posso te ligar?
“A educação é a única força capaz de fazer um
contraponto às maldades. Mas é uma luta inglória”
Com a intensificação do uso da Inteligência Artificial, o risco de golpes e armadilhas digitais aumenta a cada dia. A criação de áudios e vídeos com som e imagens incrivelmente reais causa preocupação. É cada vez mais difícil discernir o que é verdade ou falsa criação.
A modernização dos processos de criação acarreta, também, o risco de desaparecimento de diversas profissões. Gostando ou não é uma consequência normal da evolução de diversos segmentos de atividade. A experiência ensina, no entanto, “que é no andar da carroça que as melancias se acomodam”. Ou seja, com o tempo nem tudo que parecia inevitável acontece, os desdobramentos são menos intensos e todos se acostumam às novas rotinas.
Na raiz deste fenômeno do desvio de conduta que atravessa os séculos está a natureza humana. Reza o ditado que “quando começa o dia, golpista e vítima saem de casa para uma nova jornada. E quando se encontram, o resultado é sempre o mesmo”.
Não há tecnologia que consiga transformar o ser humano em agente permanente de boas ações. As tentações se multiplicam, poucos resistem. A educação é a única força capaz de fazer contraponto às maldades. Mas é uma luta inglória.