O processo de elaboração do novo Plano Diretor de Arroio do Meio deu mais um passo importante com a audiência pública realizada na terça-feira, dia 11, na sede da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Arroio do Meio (Acisam). O encontro, conduzido pela equipe técnica da Univates, reuniu representantes do poder público, empresários dos setores imobiliário, industrial e da construção civil, além de membros da comunidade.
Com prazo de execução de 20 meses, o trabalho envolve mais de 40 profissionais entre arquitetos, urbanistas, engenheiros, economistas, juristas e especialistas em meio ambiente e georreferenciamento. Financiado pelo Governo do Estado, o projeto também abrange outros seis municípios do Vale do Taquari.
Durante o encontro, foram apresentados os primeiros resultados dos estudos técnicos, que têm como base as contribuições colhidas nas audiências públicas com a população. Entre os temas prioritários levantados pela comunidade estão mobilidade urbana, expansão das zonas industriais, uso e ocupação de áreas de risco e gestão das cotas de referência — questões centrais para o desenvolvimento urbano sustentável do município.
Essas discussões originaram os fatores condicionantes do novo plano, como a análise da produção econômica, zoneamentos de risco, índices de perigo e potencial de urbanização das áreas. Com base nesses dados, foram apresentados mapas detalhados sobre perímetro urbano atual e proposto, macrozoneamento, hierarquia viária, zoneamento urbano e índices construtivos.
A equipe técnica também destacou o estudo das chamadas “zonas de arraste”, áreas fortemente impactadas pelas enchentes, onde a força do rio causou grandes danos estruturais. A análise considera dados sobre velocidade da água, modelagem do rio Taquari e características geográficas locais.
Apesar do avanço técnico, o encontro também foi marcado por divergências e preocupações do setor produtivo, especialmente em relação à demarcação das novas zonas industriais, às restrições de parcelamento do solo e às delimitações de áreas de risco.
O gerente industrial da Neugebauer, Roberto Mallmann, destacou o potencial econômico do município e alertou sobre as limitações impostas à expansão das indústrias. “Arroio do Meio tem um DNA industrial muito forte. As áreas destinadas a esse crescimento estão muito restritas. A Neugebauer pretende ampliar sua estrutura, mas a nova proposta inviabiliza esse avanço. É preciso reconhecer e valorizar as empresas que geram retorno ao município”, observou.
O empresário João Carlos Hilgert, do ramo imobiliário, também manifestou preocupação quanto à implantação de condomínios residenciais fechados, apontando entraves no limite de quadras dentro das zonas residenciais. “Precisamos atender a todos os perfis de público. Arroio do Meio é uma cidade bem localizada, com potencial de crescimento. É fundamental ampliar as zonas industriais e criar condições para diferentes tipos de moradia”, defendeu.
Já a promotora de Justiça, Carla Pereira Rêgo Flôres Soares, reforçou a importância de respeitar o Plano Diretor vigente e de construir uma proposta equilibrada. “Muito do que se discute hoje é consequência de o atual Plano Diretor não ter sido cumprido. A responsabilidade da Univates é grande, e cabe a todos estudarem o novo projeto para contribuir de forma construtiva. Precisamos de uma cidade que contemple tanto os interesses econômicos quanto o bem-estar da população”, afirmou.
Segundo a equipe técnica da Univates, todas as contribuições registradas durante a audiência serão analisadas e poderão embasar ajustes nas próximas etapas do processo de revisão. O objetivo é construir um Plano Diretor que una desenvolvimento urbano, segurança ambiental e qualidade de vida para os próximos anos de Arroio do Meio.




