O verão começou oficialmente no último domingo, dia 21, e deverá ser influenciado por um fenômeno La Niña de intensidade fraca, que tende a tornar o padrão de chuvas mais irregular na região. Segundo o Núcleo de Informações Hidrometeorológicas da Univates, a distribuição da chuva será desigual, tanto espacialmente, com alguns bairros recebendo precipitação enquanto outros permanecem secos, quanto temporalmente, com dias de sol e calor intenso alternando com períodos de chuva concentrada.
Em geral, as precipitações devem ocorrer em pancadas fortes e rápidas, muitas vezes associadas à passagem de frentes frias ou instabilidades convectivas. A expectativa é de chuva próxima à normal climática. “Analisando as projeções mês a mês, janeiro deve registrar precipitação ligeiramente acima da média, fevereiro ligeiramente abaixo, e março em torno da normal”, informa.
Quanto aos ciclones extratropicais, o NIH destaca que a probabilidade de ocorrência é muito baixa no verão, já que esses sistemas são típicos do inverno. Episódios intensos, como o registrado recentemente, são raros. No entanto, diante das mudanças climáticas, nenhuma previsão pode ser considerada totalmente certa.
Segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA), o La Niña permanece ativo e deve continuar até o início de 2026, com cerca de 55% de chance de transição para condições neutras no primeiro trimestre do ano. “Não há sinais consistentes de formação de um El Niño, o que limita a precisão das projeções de chuvas fortes apenas com base no comportamento do Pacífico”.
Por outro lado, o aquecimento global já vem alterando significativamente os padrões de precipitação. Com temperaturas mais altas, a atmosfera retém mais vapor d’água, aumentando a probabilidade de tempestades intensas e irregulares. O Brasil está entre os maiores emissores de gases de efeito estufa e, no Rio Grande do Sul, projeções indicam aumento de temperatura entre 1,5 °C e 4 °C nas próximas décadas, dependendo do nível de emissões.
Estudos da Agência Nacional de Águas (ANA) indicam que o Sul do Brasil enfrentará maior variabilidade hidrológica nos próximos anos, alternando períodos de seca com episódios de chuva extrema. Eventos que antes eram raros já se tornaram mais frequentes. Na região hidrográfica do Guaíba, esse cenário aumenta a probabilidade de chuvas intensas, enchentes e deslizamentos, mesmo sem a presença de El Niño.
Já as temperaturas devem ficar acima da média ao longo de todo o verão. A La Niña pode provocar variações bruscas de temperatura, com episódios de ar mais frio, mas também aumenta a chance de ondas de calor e recordes térmicos durante períodos prolongados sem chuva.


