Proprietário de aviário em Forqueta Baixa, Arroio do Meio, culpa a interrupção no abastecimento de energia da AES Sul pela morte de pelo menos 15 mil aves. O corte realizado para manutenção da rede, entre às 13h e 16h45min de segunda-feira, fez a temperatura do aviário subir de 28ºC para 45ºC. Os frangos tinham 18 dias de vida.
A interrupção da energia estava programada para o período da tarde, mas a família de Vilson Baron, não tinha o que fazer. O contato com a concessionária, para o restabelecimento urgente do abastecimento, foi feito, mas quando reativado já era tarde. No verão, em virtude das temperaturas elevadas, o sistema de ventilação torna-se imprescindível para a manutenção das granjas. “Nestes casos os ativistas que protestam contra a crueldade animal não agem”, questionou o agricultor Vilson Baron, 46 anos.
O aviário tinha lotação de 27 mil aves. O lucro com a atividade tem sido reinvestido no financiamento do próprio aviário, com parcelas de R$ 40 mil anuais, num total de R$ 250 mil, e aplicado nas despesas da família. Só em luz, o aviário consome aproximadamente R$ 1,5 mil por mês, valor equivalente a 20 residências na cidade.
Os animais mortos foram recolhidos com a ajuda de vizinhos e parentes e carregados em três carretões para serem descartados. Jonas Ismael Baron, 20 anos, filho de Vilson e Nelsi, não se conforma com a situação: “Do que adianta a dedicação e agora sofrer esse prejuízo”, questionou. Os prejuízos, que somam o valor dos pintos e o ração tratada, ainda não foram avaliados.
O pai, lesionado por causa de duas fraturas numa das pernas, ocorridas em um acidente com um carretão, acredita que a própria BRF Foods deveria ter uma política de amparo para estas situações. Sugere a negociação das carcaças com indústrias de farinha de ossos.
A assessoria de imprensa da AES Sul disse que a interrupção no abastecimento de energia foi necessária para realização da obra de reforma e melhoria de rede na localidade de Forqueta Baixa. “Os desligamentos para manutenção são programados com antecedência de, pelo menos 20 dias, não sendo possível prever como estará a condição climática no dia do desligamento, e são noticiados através de rádio e disponibilizados no site da companhia”, afirma. Um novo corte no abastecimento de energia para área está programado para a tarde do dia 18. Os agricultores de forma geral não admitem a falta de energia após às 11h, pois diversas atividades rurais podem ser prejudicadas. A preocupação dos produtores com esse tipo de evento já foi prenunciada em reportagem veiculada no caderno Agrovale, edição de dezembro do AT.
A família agora pretende entrar com uma ação contra a AES Sul para o ressarcimento da perda.