Em meio às avaliações de danos, à apuração das perdas nas diferentes atividades econômicas relacionadas ao setor primário, projeções de como será o futuro da agricultura familiar, às preocupações com a obtenção de água potável, para o consumo humano e a alimentação dos rebanhos, toma-se conhecimento de algumas medidas dos governos, estadual e da União, para apoiar os segmentos mais atingidos.
Em um primeiro momento, surgiu a informação de que os municípios com decretação de situação de emergência receberiam um valor de R$ 51.900,00, cada um, para atender casos mais urgentes nas suas localidades, como para pagamento de despesas com transporte de água, compra de reservatórios, dentre outros investimentos e custeio. Embora esse anúncio já tivesse ocorrido há pelo menos 10 dias, não sei se alguém já foi contemplado com o recurso. Mas é importante que venha e que os órgãos públicos façam um bom uso desse apoio.
Porém, a medida interessante desta semana, de iniciativa do governo do Estado, é a decisão de anistia aos beneficiados com o Programa Troca/troca de Sementes de Milho. São em torno de 217 mil produtores rurais, especialmente da agricultura familiar, aos quais foram destinadas 370 mil sacas de sementes de 20 quilos (7,4 milhões de quilos) e que em valores representam R$ 24 milhões.
É claro que, individualmente, representa um valor simbólico para o produtor, mas para o Estado tem um peso significativo, assim como também para os municípios que têm os programas de subsídios das sementes. Com esta medida, as secretarias municipais de Agricultura poderão utilizar um bom recurso que seria repassado ao Estado até o mês de maio, para outras finalidades, que possam compensar a frustração da cultura do milho. Na maior parte das localidades da nossa região, o milho é utilizado para alimento do gado leiteiro, portanto, possivelmente nesta atividade é que terá que se dar uma maior atenção, considerando que em muitas lavouras registra-se perda total.
Mesmo que algumas pancadas de chuvas venham diminuindo a extensão da estiagem, o assunto é, inevitavelmente, objeto de conversa em qualquer situação de encontro de duas ou mais pessoas. Os que são mais experientes, em idade, comparam o atual momento com outras épocas, do passado, quando, até para lavar as roupas as famílias tinham que buscar a alternativa de irem aos rios, únicas fontes de águas em maior abundância.
Conclui-se que sem os recursos dos poços artesianos a produção de suínos, de frangos e até de gado leiteiro, em maior escala, seria impossível, impraticável. Ocorre, assim, um pouco de saudosismo, mas de pura realidade.
Prefeitos… remédios…
O fato que envolve vários municípios da região e que são investigados, dizendo respeito a programas de subsídios na distribuição de remédios para a população, tem origem na omissão e no pouco caso de quem deveria fazer e não faz. Com a municipalização da saúde pública, os municípios não assumiram todas as responsabilidades. Vários compromissos ficaram para o Estado e a União. Se o Sistema Único de Saúde cumprisse com as suas atribuições, os munícipes não precisariam recorrer diariamente à ajuda do prefeito e dos municípios. Haveria remédios nas farmácias básicas de cada posto de saúde.
Para os prefeitos seria bem mais cômodo lavar as mãos. Mas como eles têm sensibilidade, estão mais próximos dos cidadãos, acabam pagando o pato, sendo responsabilizados em lugar de outros.