Com o fim das férias escolares, a esperada superação da longa e danosa estiagem, com tantos reflexos e desdobramentos na nossa região, e, a passagem das comemorações alusivas ao carnaval, estamos a iniciar, efetivamente, este ano de 2012. Vai ser um ano muito complicado em razão do processo eleitoral, cujo clima já se faz sentir. E para o setor da produção primária, o replantio das lavouras, especialmente da cultura do milho constitui-se em esperanças que possam compensar as muitas perdas até aqui constatadas, em consequência da prolongada seca.
Dentre as diversas atividades econômicas do setor primário, a produção leiteira registra as maiores perdas, atingindo um grande número de agricultores familiares. Serão, seguramente, em torno de seis meses de queda na produção e, consequentemente, diminuição na renda das famílias. São perdas que não se consegue recuperar e elas contribuem para demonstrar a fragilidade e a instabilidade dos nossos meios de produção, sem as garantias necessárias. Não se tem ainda dados, mas certamente um bom número de produtores rurais estarão abandonando as suas atividades com mais esta frustração de safras e produção.
35ª Romaria da Terra
Já são 35 anos em que na data do Carnaval é realizado esse evento denominado de Romaria da Terra, organizado pelas igrejas cristãs e outras entidades vinculadas ao homem da terra, ao trabalhador rural.
Cada edição da Romaria traz assuntos para reflexões e normalmente há uma relação com o próprio tema da Campanha da Fraternidade, promovida anualmente pela CNBB. A partir desta semana, durante o tempo de Quaresma, estaremos convivendo com assuntos relacionados à saúde pública, destacando a advertência de “Que a saúde se difunda sobre a Terra”.
Vida e Saúde é o clamor da Agricultura Familiar Camponesa, mobilizando milhões de pessoas que, apesar de grandes avanços sociais e econômicos, continuam sendo vítimas de modelos de governos distantes desta necessidade primeira para o bem-estar das classes menos favorecidas.
A saúde que nós queremos e precisamos, se faz com a conjugação de vontades, de recursos e de atos. Não é a pose de autoridades para fotografias que resolvem as precariedades e deficiências desta importante área. Se a nossa lei maior, a Constituição Federal estabelece que o Sistema Único da Saúde é compartilhado com as responsabilidades dos municípios, dos estados e da União, quem, de fato está cumprindo a sua parte? – Os entes municipais investem, todos, mais de 15% de suas receitas em saúde. O Estado, que deveria destinar 12%, diz que não vai cumprir o dispositivo constitucional, ocorrendo o mesmo com o governo federal, que se omite e ninguém pode fazer qualquer coisa, diferente dos municípios que sofrem punições e perdem convênios e demais recursos!
Lastimavelmente, quem tem os recursos, os utiliza para publicidade, para realizar obras marcantes, programas eleitoreiros. Ao invés de aumentar os recursos, fazem os “ajustes” nos orçamentos, cortando bilhões de reais do anteriormente definido.
Enquanto isso, agricultores tem que vender bens para comprar remédios, trabalhadores morrem nos corredores dos hospitais por não haver UTIs e assim por diante.