Tendo como motivação o episódio ocorrido no dia 17 de abril de 1996, no município de Eldorado dos Carajás, estado do Pará, com a morte de 19 agricultores em confronto com policiais militares, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ( MST) realiza um conjunto de ações na data ou dentro do mês para reafirmar as suas mobilizações, defendendo uma série de reivindicações, porém, como meta principal, as desapropriações e assentamentos de seus integrantes.
Lembramos de inúmeros fatos que em anos anteriores envolveram o MST, com registro de danos a patrimônio público ou bens particulares. Nesta semana, o episódio mais destacado, aqui no Estado, foi a “tomada” do Laboratório Nacional Agropecuário do RS (Lanagro), localizado em Sarandi, onde é feito o controle das vacinas contra a febre aftosa no Brasil e no Conesul.
Antes de qualquer outra manifestação, é preciso deixar claro que o MST é uma organização respeitável e que procura ocupar o seu espaço e defender as suas teses e seus objetivos, cobrando dos governos as soluções que, no seu entender, são justas.
Percebe-se muitas vezes que a sociedade, de um modo geral, assiste às ocorrências, sentindo-se impotente para reagir e cobrar atitudes das autoridades para determinados absurdos que são impostos. É que, na verdade, temos governantes e ocupantes de importantes cargos no âmbito nacional e estadual que militaram ou já participaram do movimento. E eles não irão contrariar ou combater certos atos criminosos, porque precisam manter a sua massa de manobra. Sabe-se que inúmeros “movimentos sociais” têm recebido recursos públicos, através de entidades, ONGs ou instituições para assegurar a sua sobrevivência.
A luta pela terra é uma bandeira um tanto desgastada. Há dados estatísticos demonstrando que um expressivo percentual de agricultores que receberam lotes oriundos de assentamentos acabou abandonando a atividade. Isso porque, possivelmente, não eram vocacionados para a profissão. Sucede-se, assim, que áreas anteriormente parceladas passaram, gradualmente, a serem novamente reunidas, através de arrendamentos por produtores estruturados, com máquinas e implementos, com um rendimento e aproveitamento melhor.
Não são poucos que observam, por exemplo, o assentamento que fica às margens da BR 386, em Santa Rita. O aspecto daquela área não muda. Mais parece um núcleo habitacional do que um projeto de desenvolvimento agrícola.
A violência e o vandalismo, sempre presentes nas ações de força que o MST realiza, desacreditam as suas intenções, atraindo cada vez mais a antipatia de grande parcela da sociedade que contribui para o pagamento dos custos de todo um cenário.
O Lanagro tem uma função muito importante no que se refere à sanidade do rebanho bovino brasileiro e de outros países da América Latina. É uma referência e nesse estabelecimento são testadas as vacinas contra a febre aftosa. O custo dos danos causados ao órgão é elevado. Quem paga isso? E certamente não é lá que os agricultores encontram as soluções como a obtenção de áreas de terras, linhas de crédito, financiamentos, ou até empregos. Temos que ter pena dos trabalhadores que são induzidos a se submeterem a atos não mais aprovados pela maioria da população.
O caos da saúde pública brasileira
Os meios de comunicação trazem, diariamente, episódios que destacam a trágica situação da saúde pública, em cujo contexto situa-se o SUS. Disputa por fichas de consultas médicas madrugadas adentro, macas em corredores de hospitais, pacientes jogados nos cantos, não recebendo atenção, falta de UTIs, demoras na realização de alguns procedimentos e assim por diante. A nossa região não é uma exceção por inteiro, mas não chega a ser tão crítica como outros centros. Apenas para refletir e comentar.