A legislação eleitoral estabelece um conjunto de regras para quem quer ou precisa, por vontade dos partidos, colocar-se à disposição para concorrer a cargos, no caso deste ano, para vereador ou prefeito e vice. E no setor público a necessidade de afastar-se de funções sempre traz reflexos com as mudanças, com trocas e substituições de quem vinha realizando tarefas e respondendo por questões relevantes.
Temos, assim, que, por força da lei eleitoral, houve a troca do secretário da Agricultura, em Arroio do Meio. A saída do até então titular e a designação do presidente do Conar, Valmir Rauber, para o importante cargo significa, acima de tudo, uma mudança no perfil do comando da pasta. O que antes tinha uma característica técnico-política passa a ser, segundo a minha maneira de ver, de aspecto técnico-classista, sendo o responsável mais discreto, com menor necessidade/exigência de publicidade, vitrine, possivelmente com menos monitoramento ou vigilância, consequente e supostamente, com mais autonomia. Tem-se percebido que uma certa ingerência de outros agentes e fatores vinham prejudicando as ações, normalmente bem intencionadas, do ex-secretário.
A atividade da política partidária, no contexto da nossa realidade, onde se tem liberdade e em regime democrático, é saudável, benéfica e necessária, quando praticada no seu devido tempo, sem que fique evidenciada nas ações do dia a dia, em qualquer nível ou instância de governo. Limites, moderação e equilíbrio são qualificativos ou aplicativos que podem ser valiosos. Esta é apenas uma opinião.
Não é propósito meu fazer avaliações ou projeções, ou referências de caráter pessoal sobre o que foi e o que poderá vir a ocorrer daqui para a frente. Porém, na condição de observador e de mantenedor de uma coluna semanal neste veículo de comunicação, em que, há quase três décadas, dispomos de espaço para considerações sobre a área, seria, com certeza, cobrado se não me manifestasse sobre este novo momento da secretaria de Agricultura, que trata das atividades econômicas no campo da produção primária, de destacada importância na geração de renda e no desenvolvimento do município.
Fazendo de conta de que eu estivesse saindo de uma secretaria tão envolvente e de tamanho peso econômico e social para cerca de mil unidades familiares, destacaria por uma questão de justiça, como feitos e fatos positivos, a afirmação das feiras, periódicas, dos produtores rurais, a realização de vários cursos técnicos, o intento de manter os jovens agricultores no meio rural, o apoio aos agricultores em forma de prestação de serviços (apesar da tentativa de alguns beneficiários em burlarem as regras…), a continuação do bom programa da assistência veterinária e de inseminação artificial, o desenvolvimento (parcial) do projeto piloto de controle e erradicação da tuberculose e brucelose, a obtenção de recursos, junto ao governo federal, para melhorias em redes de energia elétrica, dentre outros.
No entanto, em contrapartida, eu manifestaria uma certa frustração por não ter conseguido executar projetos importantes, como o Programa de Açudagem, um adequado incentivo para o crescimento das agroindústrias familiares, e a não concretização do Suasa, não poder ter dado uma atenção as dezenas de agricultores afetados pelo projeto do Ministério Público, conhecido por Corredor Ecológico, de continuar sendo questionado sobre a aplicação de recursos vindos para socorrer os produtores rurais atingidos pela enxurrada em janeiro de 2010, ao longo do rio Forqueta, de seguir com entraves e desconforto na política ambiental, nos procedimentos de licenciamentos de atividades, e, finalmente, ouvir insinuações de ter dado atendimento privilegiado a alguns. Mas me confortaria pelo resultado positivo.