A maior empresa de processamento de proteína animal do mundo e que atua em mais de 10 países, dentre os quais México e Estados Unidos, na cadeia de produção de frangos de corte, com 140 unidades de produção, acertou um arrendamento (aluguel) de 10 anos com a Doux/Frangosul.
O fato precisa ser destacado, pois ao longo dos últimos dois anos inúmeras abordagens fiz neste espaço para falar da preocupação e da apreensão de centenas de produtores de frangos de toda a região, que vinham acumulando valores não pagos pela Doux/Frangosul, em visíveis dificuldades financeiras para honrar seus compromissos de pagamento de lotes de produção aos seus integrados.
Produtores, autoridades, entidades classistas, especialmente a direção da Fetag/RS, foram incansáveis, insistentes e persistentes nas mobilizações para garantir os direitos dos avicultores. Sucessivos prazos determinados não eram cumpridos e muitos já imaginavam que se repetiriam fatos de outras épocas, quando empresas deste setor encerraram atividades sem quitar contas de fornecedores.
Existe a estimativa de que há um montante de cerca de R$ 50 milhões em contas pendentes com produtores. Mas a JBS estabeleceu um calendário de pagamentos, a partir desta sexta-feira e, em no máximo 90 dias, pretende resolver o passivo com os integrados. Entre débitos com produtores, outros fornecedores, funcionários e investimentos necessários para adequar o parque industrial, a empresa projeta desembolsar aproximadamente R$ 300 milhões.
Com este novo panorama os alojamentos de pintos nos aviários dos produtores integrados deve acontecer em um ritmo acelerado, com a retomada das atividades de abates programadas para a segunda quinzena do próximo mês de junho, quando a normalidade deverá estar restabelecida, para o bem da sustentação econômica das pequenas propriedades rurais, das arrecadações municipais e da saúde financeira da empresa que está apostando no êxito.
Suinocultores desistem…
Enquanto os problemas de um grupo de produtores de frango são minimizados, suinocultores, especialmente os independentes, ou seja, os não integrados a alguma empresa, estão propensos a tomarem uma decisão drástica com o abandono das atividades.
A Associação de Criadores de Suínos do RS (Acsurs) contabiliza um total de 30 unidades de produção que abandonaram a atividade nos primeiros quatro meses deste ano. Contribui para este fato o elevado custo de produção, mais elevado do que o preço pago pelo produto, e o saturamento do mercado, com a queda, apenas neste ano, de 64,38% nas exportações para a Rússia e de 47,66% para a Argentina, se comparado com o mesmo período do ano anterior.
O que para o governo pode representar um “jogo nas relações comerciais”, para o setor produtivo é uma tragédia. Perdemos tecnologia, conhecimentos, experiência, tradição e a condição de sermos do grupo de maiores produtores do país.
O setor produtivo não tem a devida atenção das autoridades. Todos reconhecem a sua grande importância e muitas vezes limitam-se aos propósitos e não demonstram ações.