Os rins e suas funções vitais
Você já deve ter ouvido falar sobre a importância que o trabalho executado pelos rins exerce em nossa saúde. Acompanhe mais detalhes na matéria com o médico urologista Cláudio Loureiro.
Filtrar todos os líquidos corporais com a produção da urina para exercer sua função principal que é de desintoxicação e excreção é apenas uma das principais funções exercidas pelos fins. As demais, conforme aponta o médico urologista Cláudio Loureiro, são:
Eliminar substâncias tóxicas endógenas oriundas do metabolismo, como por exemplo, a ureia e a creatinina
Eliminar substâncias exógenas como medicações, antibióticos, aditivos químicos e drogas
Manter o equilíbrio de eletrólitos no corpo humano, tais como sódio, potássio, cálcio, magnésio, fósforo, bicarbonato, hidrogênio, cloro e outros
Regular o equilíbrio ácido-básico, buscando manter constante o pH ideal do organismo que deve ser levemente alcalino, idealmente entre 7,36 a 7,42
Regular a pressão e o volume de líquido corporal, retendo ou eliminando o excesso de água do organismo, ou seja, manter a pressão e o volume hídrico constante
Regular a composição sanguínea de células vermelhas, sais minerais, hormônios, nutrientes e outros
Regular a nutrição de ossos e dentes
Produzir hormônios como a eritropoietina que estimula a produção de hemácias (células vermelhas do sangue), a renina que eleva a pressão arterial, a vitamina D que atua no metabolismo dos ossos e regula a concentração de cálcio e fósforo no organismo, além das cininas e prostaglandinas.
Diante da importância do bom funcionamento desses órgãos, Loureiro cita alguns sinais que servem como alerta: inchaços frequentes, principalmente de pernas e pés, alterações no aspecto da urina (cor de Coca-Cola, sanguinolenta, espumosa), urina em excesso pode sinalizar diabetes, pouca urina e ardor durante a micção, palidez constante, aumento de pressão arterial, náuseas e vômitos, boca seca ou gosmenta e hálito cetônico, ossos e dentes muito frágeis ou sensíveis, asma e bronquites, problemas de zumbido e audição e dores lombares.
A importância dos exames preventivos
De acordo com o médico, há exames simples de laboratório que podem prevenir problemas renais, sendo que a melhor maneira de se identificar precocemente as doenças renais é através de exames de sangue e urina. “A dosagem da creatinina sanguínea nos permite calcular a taxa de filtração sanguínea dos rins, enquanto que o exame simples de urina pode identificar a presença de sangue, proteínas, glicose ou outras substâncias que apontam para uma possível doença renal”, explica, complementando que tais exames não são caros e praticamente todos os laboratórios os disponibilizam, destacando que tanto clínicos gerais como especialistas solicitam estes exames com muita frequência a fim de evitar um diagnóstico tardio da doença, estado em que a função renal já se encontra bastante debilitada.
Outros cuidados:
Evitar excesso de sal
Consultar seu médico periodicamente
Manter dieta equilibrada, evitando carne vermelha
Não fumar
Praticar exercícios físicos.
Diálise e transplante
Como em qualquer enfermidade, o diagnóstico precoce de doenças renais crônicas é o melhor caminho para o tratamento. As doenças dos rins, no entanto, têm o pormenor de só se tornarem aparentes quando a capacidade de funcionamento dos órgãos já está bastante comprometida. Quando surgem sintomas como inchaço, pressão alta de difícil controle, anemia sem causa aparente, náuseas, vômitos e alterações urinárias (presença de sangue ou urinar várias vezes à noite), o quadro já pode ser grave, explica o médico.
“Nesses casos o doente necessita de transplante ou auxílio para que a função dos rins seja cumprida. O procedimento mais conhecido é a hemodiálise, em que uma máquina filtra o sangue. Esse é o tratamento a que 90% dos doentes renais crônicos são submetidos no Brasil. A intensidade de seções varia, mas, em média, são três semanais, de quatro horas cada. Uma vez que o paciente entra em hemodiálise por insuficiência renal crônica dificilmente poderá recuperar a função renal, a menos que seja submetido a um transplante. Nos casos de insuficiência renal crônica, a lesão renal leva a uma deficiência irreversível da função renal, o que reforça a necessidade da prevenção!”
Fatores de risco
Conforme Loureiro, a prevalência de obesidade (índice de massa corporal acima de 30 kg/m2) e, por conseguinte, da síndrome metabólica tem aumentado em proporções alarmantes nas duas últimas décadas! Em recente publicação do IBGE, cerca de 10 milhões de brasileiros foram considerados obesos. Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde aponta que os brasileiros estão cada vez mais gordos. Entre as mulheres, o índice de sobrepeso passou de 38,5% para 44,3% entre 2006 e 2010, e entre os homens de 47,2% para 52,1%.
A partir dessas estatísticas, ele adverte que a obesidade associa-se a uma série de complicações clínicas como diabetes, hipertensão e dislipidemia, sendo causa indireta de doença renal crônica. Vários autores vêm demonstrando também uma associação direta com maior incidência de glomeruloesclerose em indivíduos obesos. Um dos pilares da prevenção são hábitos de vida saudáveis, incluindo alimentação saudável e prática de atividade física regularmente.
Já a ação do álcool nos rins aumenta a produção de urina em 50%: “Quem bebe tem mais vontade de fazer xixi. E isso não acontece só pela quantidade de líquido ingerido. O etanol age na hipófise, uma glândula no cérebro. Lá, ele inibe a produção de um hormônio que controla a absorção de água pelos rins. Com menos líquido absorvido, mais urina é eliminada”, explica. Por isso, é importante que as pessoas saibam que o álcool provoca irritação nos rins, prejudicando seu funcionamento normal, podendo acarretar a hidropisia (infiltração da água da urina nos tecidos) e, posteriormente, a uremia (presença de grande quantidade de substâncias tóxicas no sangue).
A uremia (elevação de ureia no sangue) surge quando há comprometimento da capacidade do sistema renal de depurar o sangue dos produtos nitrogenados (ureia e creatinina) resultantes do metabolismo protéico, que uma vez elevados no sangue resultam num estado de náuseas, mal-estar, vômitos, fraqueza, cefaleia, distúrbio de coagulação, torpor e até coma. Na verdade, uremia é uma síndrome, um conjunto de alterações nos diversos sistemas.
Já o fumo, definido como a maior causa de morte evitável, mata mais do que a Aids, acidentes, drogas e homicídios juntos. No Brasil estima-se que ocorram 125.000 mortes a cada ano por doenças associadas ao fumo. Portanto, a cada cinco minutos morre um brasileiro como consequência do tabagismo.
Embora, só recentemente tem-se dado especial atenção ao efeito do tabagismo sobre o rim, vários estudos realizados em pacientes portadores de diferentes nefropatias têm apontado para os efeitos nocivos do tabagismo no funcionamento renal. Nesse sentido, Loureiro afirma que “existe um risco aumentado de perda de proteína urinária em pacientes portadores de diabetes melito insulino dependente e não insulino dependente fumantes; em pacientes com nefropatia diabética já estabelecida, a velocidade de progressão da doença é maior nos pacientes fumantes, também nas doenças renais não relacionadas ao diabetes melito observou-se evidências dos efeitos deletérios do cigarro na função renal. Como se não bastasse o efeito deletério do cigarro sobre a função renal, há uma inequívoca associação entre o tabagismo e o câncer dos rins.”