Na tarde de terça-feira, proprietários de veículos movidos a Gás Natural Veicular (GNV) realizaram um manifesto em frente à única distribuidora do combustível na região, situada na ERS 130, junto ao Posto do Arco. Em março o preço do metro cúbico subiu de R$ 1,99 para R$ 2,08. Em abril para 2,15 e no sábado passou para R$ 2,35.
O grupo formado por profissionais autônomos e microempresários avalia que os reajustes praticados nos últimos meses são desproporcionais em comparação com outras regiões e acusa a rede de se aproveitar desse monopólio. O grupo Charrua tem seis postos de GNV e exclusividade concedida pela Sulgás para compressão e distribuição de Gás Natural Comprimido (GNC) no Estado. Além disso, na região, a rede é a única que comercializa o combustível num raio de 80 quilômetros.
De acordo com o prestador de serviços Maurício Moraes, 37 anos, morador de Arroio do Meio, a insatisfação não parte da diferença de preços praticados na região metropolitana que, em média, eram R$ 0,35 mais baratos, e sim com o das cidades do interior. Em Passo Fundo, que igualmente a Lajeado também não possui ligação por gasoduto e está situada a uma distância de 180 quilômetros da região e a 350 quilômetros de Esteio, onde é feita a distribuição, o combustível estaria sendo vendido por R$ 2,09. “Para quem percorre mil quilômetros por semana, em um mês essa diferença no preço pode representar mais R$ 60”.
O grupo não descarta ingressar com uma ação na promotoria pública para obter a autorização de abertura de uma distribuidora/posto em nome de uma associação. “Estamos fazendo um abaixo assinado […] a situação não condiz com políticas governamentais incentivando o uso de combustíveis ecologicamente corretos”, contrapôs o vendedor Deonir Gerhardt, 38 anos, também morador de Arroio do Meio.
O dono de uma empresa instaladora de kits gás, Alexandre Soster, estima que na região há mais de 3 mil veículos convertidos para serem abastecidos com GNV, que ainda é 30% mais econômico que a gasolina. Em média, o custo da conversão é R$ 3,5 mil. Segundo ele, se a atitude da empresa persistir, a conversão pode se tornar insustentável.
O gerente comercial do grupo Charrua, Paulo Ricardo Dresch, diz que a rede foi obrigada a reajustar o preço porque o governo mudou a base de cálculo do ICMS e aumentou a tributação do GNC – o que não ocorreu com o gás distribuído diretamente pelo gasoduto (que não é comprimido), “não temos como arcar com os custos”. Conforme ele, a tendência é de que nas outras regiões o preço também aumente, “foi uma determinação da Sulgás”.
Dresch afirma que o valor do produto GNV, sem impostos e custos, está em torno de R$ 0,90 e R$ 1, e que a oscilação de preços é comum no mercado de combustíveis, “somos os principais interessados na queda dos preços, pois permite expandir a distribuição”. Ele revela que o processo de compressão do gás não é simples, e que além de exigir altos investimentos – só uma carreta para transportar o ar comprimido custa R$ 900 mil sem o caminhão – demanda o cumprimento de várias normas. A distribuição deste combustível foi implantada na região em 2003.