A ONU também proclamou 2012 como o Ano Internacional das Cooperativas, reconhecendo o modelo cooperativo como um meio alternativo de fazer negócios e promover o desenvolvimento socioeconômico.
Cooperativas no mundo inteiro unem-se, no dia 7 de julho, para comemorar o Dia Internacional do Cooperativismo. Mais de um bilhão de pessoas em cerca de 100 países aderem ao sistema cooperativo, fun-dado em princípios como o da participação democrática, solidariedade, independência e autonomia, visando a prosperidade conjunta.
Atualmente, o setor cooperativo responde pela geração de mais de 100 milhões de empregos e está presente nos cinco continentes. Na prática, as cooperativas, em cada região onde estão inseridas, são motores de inclusão social, geração de renda, promoção de desenvolvimento regional, gerando fomento econômico.
No Brasil, o cooperativismo tem crescido a cada ano: em 2011, nos 13 ramos em que atua, o setor atingiu mais de 10 milhões de associados, registrando um crescimento de 11% em relação ao ano anterior, de acordo com dados da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB). O aumento se dá também na geração de empregos: 296 mil pessoas estavam empregadas em cooperativas em 2011, em torno de 9% a mais que em 2010, trabalhando em 6.586 cooperativas.
Em 2011, no ramo crédito, do qual o Sicredi faz parte, a OCB registrou um crescimento de 16% no número de associados, em relação a 2010, totalizando 4,6 milhões em 1.064 cooperativas de crédito. Nesse universo, o Sicredi ultrapassou, em 2011, a marca dos 2 milhões de associados, chegando, em maio de 2012, a 2,1 milhões de cooperados em 113 cooperativas nos dez estados onde o Sistema atua. O Sicredi conta também com 1.182 postos de atendimento.
O cooperativismo no dia a dia
Um exemplo dessa capacidade de transformação está na área de atuação da Cooperativa Sicredi Noroeste (RS), que compreende 12 municípios. Diante de um cenário desafiador com redução da renda familiar e consequente evasão da população rural, a Cooperativa Sicredi Noroeste, em parceria com a Cooperativa Agropecuária Alto Uruguai (Cotrimaio) e entidades parceiras, traçaram o Plano Municipal de Desenvolvimento Sustentável, abordando os segmentos agropecuário, comércio, indústria e serviços.
O resultado está sendo um novo modelo de desenvolvimento para a microrregião, que passa a amenizar os efeitos do empobrecimento e que contempla, entre outras medidas, a recuperação e fertilização de solos e implantação de técnicas de manejo e pastagem para a produção leiteira, principal atividade das pequenas propriedades, bem como fomento a autogestão de micro e pequenos empresários por meio de assessorias desenvolvidas em parcerias com o Sebrae e universidades. O projeto tem como meta atingir mais de 300 propriedades e empresas, por meio de palestras, oficinas práticas, assistência técnica, consultoria e concessão de crédito.
Brasil pode ser líder de um programa de economia verde
O cooperativismo se firma como motor de igualdade social e inclusão econômica, de acordo com o embaixador da ONU para as cooperativas, Roberto Rodrigues. Ele participou do painel online Cooperativas constroem um mundo melhor, promovido pelo Sicredi e transmitido no blog www.gentequecooperacresce.com.br. Segundo ele, as cooperativas atuam como uma ponte entre o bem-estar coletivo e o mercado. “Precisamos de um projeto que volte a atenção das pessoas para uma economia mais verde, onde a atuação de pequenos produtores contribui para uma produtividade sustentável, com a distribuição de renda e desenvolvimento inclusivo. Isso pode fazer com que o Brasil seja um dos principais players em sustentabilidade em nível mundial. Queremos que o próximo prêmio Nobel da Paz venha para as cooperativas”, disse.
Para que isso ocorra, Rodrigues aponta a governança corporativa como o ponto principal a ser perseguido pelas cooperativas, superando limitações a partir da atuação em rede. “O respeito a esses princípios fez com que os bancos cooperativos e cooperativas de crédito e outros ramos pudessem superar crises como a dos anos 80, na Ásia, e a que está em curso atualmente na Europa e Estados Unidos”, recorda.
Governança e crédito
O presidente executivo do Sicredi, Ademar Schardong, ressaltou que a governança é um ponto decisi-vo para que as cooperativas de crédito possam competir com o mercado em pé de igualdade, oferecendo produtos e serviços com o mesmo nível de qualidade. “Uma cooperativa não pode ser competitiva se não estiver em uma rede de distribuição, que ofereça um balcão de produtos de qualidade uniforme, além de ser necessário ter ganho de escala para reduzir custos. Já a governança deve mitigar os riscos das atividades junto a fornecedores, funcionários, governo, entre outros, preservando sua imagem e conduta nos cenários em que ela está”, defende.
De acordo com Schardong, o respeito a esses requisitos está garantindo que o Sicredi cresça cerca de 28% ao ano, acima da média de 10% dos bancos de varejo, em um mercado altamente concentrado. Até 2015, o Sicredi projeta alcançar a meta de 3,5 milhões de associados, a partir dos 2,1 milhões atuais, aperfeiçoando a gestão sem abandonar os princípios cooperativistas.