De acordo com a nutricionista Cláudia O. da Silveira, os distúrbios alimentares aparecem com muita frequência entre os adolescentes, principalmente meninas, mas não são exclusividade do público feminino: “A mídia, os meios de comunicação em geral incentivam um esteriótipo de beleza, muito focado na imagem, na magreza e tentam associar a saúde a esta imagem, influenciando em como nossa mente vê nossa forma corporal. Pessoas magras fazem as propagandas das roupas mais ‘transadas’, ou ainda propagandas comendo muito, bebendo refrigerante, cerveja, comendo doces, etc”.Portanto, o padrão de beleza é um assunto polêmico e gerador de controvérsias. O que se vê nos dias atuais são mulheres insatisfeitas com sua imagem e atrativos físicos, sendo que estes padrões mexem com o psicológico das mulheres, criando uma espécie de conflito, uma vez que, de certa forma, há discriminação dos indivíduos acima do peso ideal, classificando-os como não atraentes, enfatizando somente a imagem e não a saúde. Surge então a necessidade de se enquadrar nestes padrões impostos pela própria sociedade, e se tornar aceitos a qualquer custo. É então que entram em questão os distúrbios do apetite. Acompanhe a opinião da nutricionista Cláudia.
AT – Anorexia nervosa e bulimia costumam ser os principais distúrbios do apetite? Quais os demais?
Cláudia – Sim, mas existem ainda a hiperfagia (quando em consequência de algum trauma consome-se alimentos excessivamente), ortorexia (obsessão por alimentos saudáveis), transtorno obsessivo compulsivo por alimentos (pensamentos incontroláveis de desejo alimentar).
AT – Quais as principais características da anorexia e bulimia?
Cláudia – A anorexia se caracteriza por um consumo muito abaixo das necessidades diárias, resultando em perda de massa corporal. O anoréxico sente-se acima do peso, e não consegue assimilar a imagem refletida no espelho com o que a sua mente projeta. Em geral a anorexia, além da restrição alimentar, pode ser associada à prática excessiva de atividade física e uso abusivo de técnicas purgativas (laxantes e diuréticos), que acreditam resultar em perda calórica.
Já a bulimia se caracteriza por excessivo consumo alimentar, seguido da prática de compensação como o vômito, jejuns prolongados, uso de laxantes e diuréticos. O que a difere da anorexia é que em geral não há perda corporal excessiva, visto que o consumo alimentar vai além das necessidades.
AT – Esses dois distúrbios são considerados os mais graves? Quais as consequências mais comuns caso não sejam tratados?
Cláudia – A gravidade sempre depende do estágio em que se encontra, e, em casos extremos, conduz à morte. O diagnóstico, por vezes, pode ser tardio. Por isso é importante que os pais, colegas, professores ou responsáveis sempre fiquem atentos a detalhes como: ir frequentemente ao banheiro logo após as refeições, apresentar emagrecimento exacerbado em pouco tempo, fazer seleção excessiva de alimentos, ter prática intensa de exercícios físicos, uso de diuréticos e digestivos, sendo que o próprio cuidado excessivo com a alimentação e as calorias que os alimentos contêm pode ser um alerta. Em alguns casos há a perda da menstruação em meninas.
AT – O tratamento de ambos é o mesmo? O aspecto psicológico exerce grande influência em casos de bulimia e anorexia? Por quê?
Cláudia – Cada caso deve ser avaliado isoladamente, nem todos bulímicos ou anoréxicos terão o mesmo tratamento, é tudo muito relativo e depende da gravidade. Os tratamentos mais eficazes são os multidisciplinares, com acompanhamento médico, nutricional e psicológico. Pois é necessário diminuir a influência dos fatores que os mantém nestes comportamentos para alcançar o peso ideal. Alguns casos demandariam uso de medicamentos como antidepressivos, mas somente os médicos poderiam diagnosticar e recomendar estes meios.