A BrasRede/ArroioNet está buscando o licenciamento na Anatel para obter a concessão de Serviços de Telefonia Fixa Comutada (STFC). Com a tecnologia a empresa passará a ter status de operadora de telecomunicações e poderá prestar serviços em todo o país.
As localidades do Vale do Arroio Grande, Rui Barbosa, Forqueta e Palmas serão as primeiras beneficiadas – em torno de 400 famílias. De acordo com o diretor-geral da BrasRede, Antônio Vasconcelos, a tecnologia do telefone IP, além de mais recente (referindo-se a fixa da Oi como obsoleta), terá papel imprescindível na democratização da telefonia em áreas carentes de serviços de telecomunicações. “Além da portabilidade de números locais, a franquia e as tarifas por minuto serão as mesmas cobradas pela Oi. O custo do aparelho será de R$ 200”.
Vasconcelos também frisa que a mudança do nome ArroioNet para BrasRede é devido à alteração contratual, “a empresa está operando regionalmente. Além de Arroio do Meio, onde possuímos 2,2 mil clientes, oferecemos cobertura em Lajeado, Estrela, Marques de Souza e Colinas. Os acionistas continuam os mesmos”.
Evolução – Em setembro de 2011, após a população do Vale do Arroio Grande manifestar a inconformidade com a precariedade dos sinais da telefonia móvel no interior do município, o Ministério Público instaurou inquérito para investigação civil, junto aos agentes reguladores estaduais e federais e Anatel, para a busca de uma solução técnica. A intervenção do MP foi solicitada, para que a falta de telefonia móvel qualificada não seja mais uma causa para o êxodo rural.
Um dos anexos do dossiê apresentado à promotoria foi a reportagem “Em pleno século XXI áreas sofrem com carências nas telecomunicações”, publicada pelo AT em 21 de janeiro de 2011, que fez um levantamento geral da situação das telecomunicações na região, e revelou que em Arroio do Meio a localidade de Arroio Grande Superior é a que mais sofre com a falta de telefonia, que afeta 300 propriedades – 80% da população local.
Em audiência realizada em janeiro deste ano, o promotor de Justiça Paulo Estevam Araujo apresentou as respostas dos ofícios encaminhados às empresas de telefonia, as quais responderam que nenhum plano de expansão está previsto para área. De forma preliminar, a Anatel emitiu que no regime privado (telefonia móvel) não há obrigação da universalização do sinal, como no fixo, que tem dever de atender 80% da área urbana – metas que estão sendo cumpridas. Na concessão privada, segundo Araujo, as empresas estipulam metas de acordo com a lucratividade.
Diante disso o diretor da BrasRede, Antônio Vasconcelos, vai tentar formalizar apoio junto ao Ministério Público local, para agilizar o licenciamento, “A população do interior não será penalizada, os serviços terão os mesmo custos da área urbana”, concluiu.
O problema – O casal Celso Hendges, 53 anos, e Loreci Maria, 46 anos, de Picada Café, aguarda ansioso pela novidade. O único ponto que pega sinal de celular em sua propriedade fica a 200 metros da residência, situado no aviário. Neste caso o aparelho móvel funciona como fixo, pois precisa ficar conectado à antena que fica em cima do aviário, o que compromete a sua usabilidade. “Já tivemos vários aparelhos e o sinal é cada vez pior. Hoje o telefone deixou de ser luxo, é uma necessidade, principalmente em casos de urgência, como acidentes ou mal súbitos, já que aqui também residem dois idosos, um de 76 e 78 anos”, avaliam.
Eles revelam que alguns vizinhos aderiram a central de ramais de Capitão, porém, a necessidade de manutenção além de recorrente é demorada. “Para os moradores de Arroio do Meio a manutenção é particular […] Não nos importamos com a operadora, só queremos um serviço eficiente. Nossos filhos estão crescendo e logo precisarão do acesso à tecnologia”, finalizam.