“Nesta semana foram divulgados índices do IDEB que mostram que o desempenho na educação do Estado está abaixo da média. A escritora, jornalista e mestre em Letras, Maria Luiza Khaled, abordou o assunto educação no Correio de Povo de terça-feira. “No ranking internacional do aprendizado dos estudantes, a posição do Brasil não combina com a de um país que é a sexta economia do mundo. A começar, a alfabetização não é eficiente, tanto é assim que 86% dos alunos não estão alfabetizados na segunda série do Ensino Fundamental. No Ensino Médio, a situação não é diferente – os resultados dos últimos exames do Enem mostram uma realidade preocupante. Além disso, um estudo recente demonstrou que 38% dos universitários são analfabetos funcionais. Sabe-se que, entre os países submetidos a testes que medem o aprendizado de jovens de 15 anos, o Brasil tem ficado nos últimos lugares. Dentre os 65 países analisados, o Brasil ocupa a 53ª posição. A situação da leitura no Brasil é precária. Resulta daí a dificuldade de entender os escassos textos que são lidos. Sabemos, no entanto, que a leitura exercita a capacidade de compreensão por meio do aprendizado do idioma e do domínio vocabular. Outro aspecto diz respeito ao tipo de linguagem que os estudantes tendem a usar, bem distante da norma culta. Isso sem falar nas atividades on-line, em que eles costumam escrever muito mal. Na escola, as deficiências são evidentes no momento em que os estudantes são estimulados a interpretar textos. Em outras palavras, para compreender um texto, não basta apenas reconhecer o código linguístico, é necessário ir além, ter capacidade de atribuir significação relacionando o conteúdo com seus conhecimentos e cultura. Em suma, é preciso leitura. Na falta, colhem-se os resultados inevitáveis – ou, mais exatamente, os indicadores negativos que aí estão a nos impactar.”