Há quem diga que com a Lei Seca o costume de frequentar bares estaria sob risco de entrar em extinção. Entretanto, o que se constata neste período eleitoral é exatamente o contrário, pelo menos em Capitão.
O bar, sem dúvida, é um dos poucos territórios neutros para se discutir a política livremente (ou nem tanto), confrontar ideias contrárias, expor e defender os mais variados pontos de vista. Entretanto, o local que em outras épocas também serve para espairecer ânimos, confessar segredos e desabafar sentimentos oprimidos, neste período é capaz de deixar ainda mais acirrado o clima eleitoral, cuja disputa em questão promete ser histórica – voto a voto.
Alguns donos de bar, como forma de manter a ordem/evitar tumultos, proibiram o tema política dentro de seus estabelecimentos. Outros confiam no bom senso dos frequentadores. “Não há muito que fazer. Aqui em Capitão a política sempre pega fogo”, revela o proprietário de um boteco que não quis se identificar.
De acordo com um agricultor de Alto Palmas/Brasil, algumas famílias tradicionais teriam mudado de lado. “A tendência é que o clima piore a cada dia que se aproxima da eleição de 7 de outubro”. Já um calçadista afirma que foi ameaçado de morte em um bar por colocar uma simples placa de apoio a um candidato em frente a sua residência – o caso foi registrado na Brigada Militar do município, que nessa altura da disputa eleitoral já registrou ao menos três ocorrência pelo mesmo motivo.
Querendo ou não, conforme parte dos entrevistados, este fervor pela política se justifica porque o povo de Capitão, diferentemente de outros municípios, vive as eleições mais intensamente e tem a noção de que um voto pode fazer toda a diferença.
Pelos balcões de Arroio do Meio – De acordo com a proprietária de um dos bares mais frequentados por formadores de opinião de Arroio do Meio, a política – saúde, educação, segurança e infraestrutura – tem sido discutida durante todo o mandato (os quatro anos). Ela revela que todos sabem se respeitar, inclusive fazem se valer de pontos de vistas contrários para fortalecer suas teses. “Deixamos os santinhos de todos os candidatos expostos num dos cantos do balcão. Aqui os clientes, mesmo sendo de partidos contrários, não fazem demagogia barata”.