O ano de 2012 está se encerrando e leva consigo a marca de ser um dos piores períodos para a economia do Estado. Análises indicam que não teremos crescimento e dentre as explicações ou justificativas figura, em primeiro lugar, o mau desempenho da produção agropecuária em consequência da estiagem, no início do ano, que deixou prejuízos de mais de 5 bilhões de reais.
Já para o próximo ano, economistas anunciam, com certo entusiasmo e convicções, um crescimento do nosso PIB gaúcho, de aproximadamente 6% que, se confirmado, representará, possivelmente, o dobro do crescimento da economia nacional. A base para essa projeção tão positiva é a crença de que a produção de grãos será o “puxador” do desenvolvimento.
Estamos todos na torcida para que as expectativas se concretizem, pois, historicamente se registra e se reafirma o conceito de que se o desempenho da produção primária for bom, os demais setores e atividades econômicas acompanham o ritmo.
Existe, efetivamente, muita gente que sabe da importância da produção agropecuária na economia, de uma forma geral, mas especialmente em nosso Estado. Porém, infelizmente, a valorização do setor mais é enfatizada quando ocorrem as frustrações de safras, como é o caso deste ano. Não deveria ser assim. Os governantes insistem em ignorar essa realidade e pouco empenho acontece no sentido de criar instrumentos e meios de produção com maior segurança para o produtor.
Além da produção de grãos, o ano de 2013 deverá ter melhores resultados de parte das agroindústrias, com o foco de produção de alimentos, como leite, suínos e frangos de corte. São setores que enfrentaram problemas, sobretudo no quesito do comércio exterior, onde barreiras e embargos e a imposição de regras absurdas provocaram crises acentuadas. A reabertura de mercados potenciais poderá restabelecer a normalidade nos negócios, considerando que os produtores nacionais vêm melhorando, gradativamente, a qualificação de suas atividades e de seus produtos.
Agroindústrias familiares
Em seminário regional, realizado na terça-feira, em Lajeado, que reuniu representantes de 33 municípios da região, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural e a Emater, escritório regional, foram debatidas formas de apoio a agroindústrias familiares. O Estado acena com a possibilidade de destinar em torno de 1,5 milhão de reais, através do Feaper, para os empreendedores, por entender que esta é uma região em que as pessoas gostam de empreender no campo.
Segundo a Emater, na região há 50 agroindústrias legalizadas que esperam recursos do Estado, para ampliar a sua produção. Outros 35 estabelecimentos necessitam do apoio financeiro oficial, para realizarem os seus processos de regularização.
Crise na produção de trigo
A safra de trigo deste ano, cujos resultados ficaram bem abaixo do esperado e da necessidade, é motivo de uma das maiores crises da atividade, nos últimos 20 anos, segundo estimam produtores, entidades e autoridades.
De longa data o Brasil, por força de acordos comerciais, vem importando trigo, seja da Argentina ou de outras procedências. Em nenhum momento tem se percebido que os setores governamentais – estado e união, procuraram estabelecer políticas sérias para a produção de trigo. Prova disso é o fato, por exemplo, de produtores nossos, nos últimos anos terem destinado a sua produção para trato, alimento, de seus animais.
Fala-se em aumentos consideráveis da farinha, consequentemente, dos derivados, em especial, o pão, o que significa que todos os brasileiros ajudarão a pagar uma conta, que resulta da falta de vontade política e como já disse, da ausência de uma preocupação em dar valor a uma atividade essencial, pois o País poderia ser auto-suficiente na produção do cereal, desde que quisesse chegar a essa posição. Tecnologia existe, terras propícias temos, mas inexiste um planejamento adequado.