O registro de um único caso de uma doença, identificada como sendo de “vaca louca” no estado do Paraná, em 2010, está atualmente repercutindo de forma extraordinária e espantosa, na economia brasileira, sobretudo no setor do agronegócio.
Até a última quarta-feira contabilizava-se um total de seis países (Egito, Arábia Saudita, China, Japão, África do Sul e Coréia do Sul), todos potenciais compradores de carne bovina, que haviam comunicado a suspensão das importações do alimento, como medida de proteção e defesa das condições de saúde de sua população.
Um ou outro desses países restringem os embargos ao estado do Paraná, porém, os demais estão estendendo a austeridade de suas medidas a todo o território brasileiro.
Só para se ter uma ideia de quantidades e números, os seis mencionados “parceiros comerciais” adquiriram, de janeiro a setembro deste ano de 2.012, em torno de 135 mil toneladas de carne, significando aproximadamente 560 milhões de dólares, ou seja, mais de 1,1 bilhão de reais, que, convenhamos, é um custo por demais significativo, em se tratando de uma situação tão isolada e, com certeza, totalmente controlada.
Tem-se visto várias manifestações a respeito deste caso ou fato, e há quase uma unanimidade, de parte dos manifestantes, afirmando que a diplomacia comercial brasileira deixa a desejar. Inúmeros pecuaristas não escondem a sua decepção observando que os órgãos governamentais demoram a posicionar-se diante de um boicote que classificam de “injustificável do ponto de vista sanitário”.
O contra-ataque brasileiro, pelo visto, não acontece na mesma intensidade como outros países fazem quando aqui são tomadas medidas idênticas. As retaliações são normalmente mais enérgicas.
De qualquer forma temos um caso que serve, mais uma vez, de amarga lição. Para os padrões mundiais de consumo de alimentos, a sanidade e o controle de qualidade, da origem dos produtos, é fator imprescindível para uma segurança nos negócios, sobretudo nas exportações. Se os importadores pagam mais, eles também exigem mais qualidade.
Leitores opinam…
As manifestações de leitores acerca de temas que nós, colunistas, abordamos semanalmente, sempre são bem-vindas e nos desafiam, permanentemente, sobretudo para que mantenhamos os comentários com conteúdos que possam ser interessantes.
Neste sentido menciono duas situações que me ocorreram nesta semana.
Um frequentador da feira dos produtores, dos sábados de manhã, na Rua Coberta, diz ter uma desconfiança de que um ou outro feirante esteja colocando à venda, itens buscados na Ceasa, para uma mera revenda. Se verdadeira essa insinuação, estaria descaracterizado o princípio o e sentido da feira. Cabe uma verificação nessa suspeita.
Um segundo observador destacou o significado do Crédito de Emergência, com recursos do MDA. O agricultor, sábio e inteligente, entende que essa linha de crédito serve mais para apoiar as indústrias de implementos agrícolas do que propriamente ajudar os agricultores que tiveram perdas com a seca do início do ano.
Para entender o caso: dos R$ 10 mil que o beneficiário pode obter, R$ 7 mil tem que ser aplicados em investimentos, em especial na aquisição de implementos. Embora o recurso disponibilizado para o agricultor familiar, enquadrado no Pronaf, seja de baixo custo, para pagar em 10 anos, com juro de 1% ao ano e desconto de 20% para quem paga as parcelas em dia, as restrições ou regras do crédito não contemplam as maiores necessidades, que dizem respeito à manutenção das famílias. “Mais uma vez somos induzidos a contrairmos dívidas com o ‘apoio’ que o governo nos oferece”, diz o agricultor.