Tramandaí – Adrenalina, companheirismo, medo, felicidade. Estes foram alguns dos sentimentos provocados em mais de mil escoteiros de diversas partes do Brasil durante o quarto Camporee Sul. O evento, que em 2013 foi organizado pela regional gaúcha da União dos Escoteiros do Brasil (UEB) é o maior da região sul do país, compreendendo os estados de Santa Catarina e do Paraná.
Foram cinco dias de atividades temáticas, divididos nos ramos escoteiro, sênior/guia e pioneiros. O Parque Marechal Osório, próximo da divisa com Osório, foi o escolhido devido a estrutura e também ao histórico de parceria entre o Exército e os escoteiros gaúchos – o local recebeu todas as edições do Camporee Gaúcho e também do Jamboree Colombo, em 1992.
Entre 9 e 13 de janeiro, cada grupo de faixa etária contou com uma programação especial, que trabalhou diversos eixos do método escoteiro, como: integração, cooperação, exercícios físicos e intelectuais. Tudo de uma maneira que aliasse diversão e responsabilidade.
Para compor os trabalhos, mais de 200 voluntários ajudaram nas atividades. Muitos destes são jovens acima dos 21 anos, que quiseram permanecer no movimento e ensinar aos demais aquilo que aprenderam enquanto participantes mais ativos do escotismo.
É o caso de Lucas Prado, de São Paulo. Ele desembarcou em Porto Alegre no dia 6 e auxiliou durante os cinco dias de Camporee Sul. Entre os benefícios, Prado destaca as amizades conquistadas ao longo do evento.
Além dos estados da região Sul, participaram da atividade escoteiros de Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Amazonas, Rio de Janeiro e uma delegação de 20 escoteiros do Paraguai. “É sempre um prazer estar aqui, no Rio Grande do Sul, onde já participamos da primeira edição do Camporee Gaúcho e fizemos muitas amizades”, resumiu o responsável pelo grupo paraguaio, Miguel Sanchez de Vaca.
Troca de experiências
Para os jovens entre 11 e 21 anos, a atividade começou apenas no dia 9. Mas, para quem ajudou a organizar o evento, o trabalho em campo se iniciou antes. Cerca de 60 pessoas de outros estados foram recebidas por escoteiros gaúchos.
“Descobrir as gírias, expressões, como funciona o escotismo nos outros estados é bom demais”, resume o universitário Cássio Selois Esteves, de Gravataí. Não descarta a possibilidade de visitá-los, com ou sem atividades escoteiras em andamento.
Mães desesperadas
Se os jovens estavam tranquilos no evento, o mesmo não se pode dizer das mães. Nas redes sociais, em especial nas páginas do Facebook dedicadas ao Camporee Sul, muitos foram os pedidos para a inclusão de fotografias e de vídeos sobre a atividade. Além de quererem saber se estavam se divertindo, as superprotetoras queriam saber se os filhos passaram ilesos.
Para acalmar os ânimos, a equipe de voluntários do setor de comunicação não mediu esforços. Montou um aparato para transmitir a abertura e o encerramento do evento – para a alegria de muitas mães – e, todos os dias, publicavam as fotos das atividades.
O ponto alto foi para a festa destinada aos escoteiros. Os repórteres voluntários circularam pela tenda com páginas em branco e uma caneta. Pediram para os adolescentes mandarem recados aos pais, por meio de cartazes, divulgados logo depois.
Centenário gaúcho
A seção do Rio Grande do Sul da UEB realiza, desde 2008, o evento denominado Camporee Gaúcho, que significa a reunião de um grande número de escoteiros. Mas, para 2013, a mudança de nome para Camporee Sul tem um motivo especial: a retomada de uma atividade dedicada, especialmente, a escoteiros gaúchos, catarinenses e paranaenses; e o centenário do movimento escoteiro no RS e em Santa Catarina.
A atividade faz parte do calendário alusivo à celebração. No Estado, coube ao grupo escoteiro George Black, de Porto Alegre, dar o pontapé inicial na trajetória escoteira gaúcha. Fundado em outubro de 1913, permanece em atividade e estimula a criação de tantos outros.
Hoje, o Rio Grande do Sul conta com 155 grupos escoteiros distribuídos em 38 distritos regionais. O escotismo é considerado o maior trabalho voluntário do mundo. Mais de 300 milhões de pessoas participam deste movimento.
Preparação para a vida
Trabalho em equipe, espiritualidade, formação de caráter e tolerância com os demais. Estes foram alguns motivos que fizeram a dentista Carla Orlandini, 45, de Arroio do Meio, ingressar no escotismo. O convite partiu de um paciente, que a convidou para integrar o grupo Tibiquary, de Lajeado.
Ela ajudou na fundação do grupo. Depois de pesquisas e buscas por recursos e efetivo, o Tibiquary iniciou as atividades em agosto de 2012. Carla só aceitou o convite porque as filhas aceitaram o desafio de construir a identidade do grupo.
Carla destaca diversos fatores positivos. Cita como exemplo a filha mais velha, Anna Carolina, 11. A adolescente tinha problemas de autoestima e dificuldades para praticar atividades físicas. “Sempre foi muito criticada na escola e isso a desanimava.” No escotismo, viu o comportamento mudar.
Hoje, Anna Carolina pratica esportes e se tornou mais sociável com os demais. A filha mais nova, Maria Luísa, 9, fez mais amigos e, junto com a irmã, busca a progressão física e intelectual. Fatores considerados essenciais para o desenvolvimento pessoal, de acordo com Carla, que é chefe da Tropa Escoteira.