Neste oito de março, comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Tradicionalmente as mulheres trabalhadoras rurais promovem eventos nesta data, tendo como um dos principais motivos o fato de essa categoria ter ficado à margem da valorização e do reconhecimento profissional até poucos anos atrás.
Lembramos que a atual Constituição Federal, em vigor desde outubro de 1988, estabeleceu direitos previdenciários que só começaram a surtir efeitos a partir de uma intensa mobilização e luta que surtiu resultados a partir de 1991 e 1992.
Os anos 80 (1980 a 1990) foram muito importantes para as agricultoras, pois foi nessa década que surgiram as primeiras dirigentes sindicais e que promoveram debates e motivações que encorajaram as mulheres a buscar a igualdade, os direitos idênticos.
O dia de hoje já não é mais tanto de lutas e de movimentos de organização, mas é de recordar as conquistas alcançadas. O permanente desafio dos dias atuais é manter o ânimo e a disposição em as trabalhadoras rurais permanecerem no meio rural. Há, inclusive, um dado estatístico, revelando que nos últimos 10 anos, mais de 270 mil pessoas deixaram o meio rural no Rio Grande do Sul. São pessoas que não mais tiveram estímulos e muitas talvez nem forças para continuar as lides campesinas.
O desenvolvimento demora muito mais a chegar no campo. E neste aspecto há vários fatores que se somam e provocam esse continuado êxodo, vitimando especialmente os jovens agricultores. Um expressivo número de estabelecimentos rurais logo não terão mais a sucessão familiar. Ou seja, deverão ser abandonados porque não haverá mais quem se disponha a continuar a mantê-lo vivo, em atividades produtivas.
Produção, sem transporte…
Fala-se e propaga-se que o Brasil terá, neste ano, uma de suas maiores safras agrícolas de grãos. É um fato extraordinário, ainda mais que o nosso crescimento industrial está muito aquém das expectativas e o PIB – Produto Interno Bruto, vem tendo uma participação positiva da produção agropecuária.
Infelizmente registra-se a ocorrência, ou melhor, renovam-se fatos que em todos os anos revelam o quanto o país está despreparado para lidar com boas safras. No centro do país está por ser concluída a safra da soja, com desempenho especial. Mas os produtores não sabem, em muitas situações, o que fazer com a colheita, pois faltam caminhões para o transporte e as estradas não existem em muitas regiões.
A colheita do milho, que vem na sequência, possivelmente não terá espaços nos armazéns, ou silos, não se sabendo o que poderá acontecer.
Mais uma vez está provado que o produtor brasileiro sabe dar respostas e corresponde a apoios obtidos. O que está ausente é a ação governamental para priorizar a construção de rodovias, preocupar-se com estoques de safras. Tem-se recursos para “obras da Copa 2014”, para a “transposição do rio São Francisco”, mas inexistem para infraestrutura no campo!
Agroind em 2014
Acabou acontecendo o que se comentou há meses atrás. A Agroind Familiar, por falta de apoio dos governos estadual e federal, teve que ser adiada para o próximo ano. Estabelecimentos rurais, agroindústrias familiares lamentam este fato, pois perdem oportunidades de comercialização de seus produtos. Por essas coisas é que está demorando a concretização do Suasa e do Susaf. Tapinhas nas costas, mas na hora do vamos ver, surgem outras prioridades.