Vale do Taquari – Com gritos de ordem contrários aos investimentos astronômicos para a Copa do Mundo, em detrimento da segurança pública, saúde e educação, cerca de 500 alunos e professores da rede estadual de ensino realizaram um manifesto na região. A cidade escolhida foi Lajeado, por ter o maior colégio público do Vale do Taquari e também por outro motivo: o maior município da região é gerido por um petista, Luis Fernando Schmidt.
A mobilização integra a proposta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), que solicitou a greve em todo o país.
A energia foi repassada muito mais pelos alunos, que se engajaram na luta por mais aplicação de recursos na Educação. Empunhando cartazes, cobravam por um ensino voltado para o cunho social, mas também mudanças em uma das principais bandeiras do governo Tarso Genro: os estudos politécnicos.
“A maior reclamação dos alunos é por serem cobaias”, conta a professora Magali Schnorr, integrante do grupo 1/1000 do CPERS/Sindicato. “O (ensino) politécnico não prepara nem para o mercado de trabalho, nem para o vestibular.”
Mesmo com o número inferior ao de alunos, os professores queriam que Tarso cumprisse uma lei que ele mesmo determinou: a do piso nacional para os professores, hoje fixado em R$ 1,5 mil. O governo do Estado diz que paga esse valor, mas não como básico – que, no Rio Grande do Sul, é inferior a R$ 1 mil. O restante é uma complementação. E isso, os professores não querem.
“A gente vê que o governo comprou tablets para professores, mas isso é muito pouco.” Magali ressalta que a participação dos alunos legitima ainda mais a paralisação na educação estadual, que começou na terça-feira, em Porto Alegre, se estendeu na quarta-feira, com uma visita a Brasília de alguns manifestantes, e se encerrou ontem. “Isso mostra que eles também estão descontentes com os rumos da nossa Educação.”
Na região, a 3ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE) confirmou a paralisação de 22 escolas, entre os três dias programados. Em Arroio do Meio, a Guararapes aderiu o manifesto com 60 professores e, em Marques de Souza, 25 integraram a campanha. Em Travesseiro, dois funcionários foram a Porto Alegre, enquanto que em Capitão os alunos tiveram aula normal.
Anônimos do Vale
Um grupo de seis pessoas chamou a atenção durante o manifesto. Com máscaras de Guy Fawkes (popularizado pelo filme V de Vingança), empunhavam cartazes cobrando mais investimentos na Educação. Eles criaram o grupo Anonymous Vale do Taquari, que segue a causa mundial, cobrando a democratização em diversos setores.
Sem informar nomes, escola e séries em que estão, deixam claro que fazem parte de um grupo que tenta mudar os rumos políticos. “É uma boa causa. Temos que ajudar os professores, mas principalmente ajudar a sociedade.”
Os manifestantes se juntaram em frente ao colégio Presidente Castelo Branco, no Centro lajeadense, para continuar com os protestos.