Na última segunda-feira, as 2,1 mil Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos brasileiros cancelaram todas as cirurgias eletivas agendadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Para mensurar os resultados, nesta sexta-feira os dirigentes do movimento realizam assembleia, mas as ações não param por aqui. Os manifestantes aguardam audiência com a Presidente Dilma e com o Ministro da Saúde Alexandre Padilha.
A mobilização é um ato de protesto do Movimento Tabela do SUS! Reajuste Já que busca alertar a população e exige do governo federal o reajuste imediato da Tabela de Procedimentos de média e baixa complexidade do SUS. A busca é também pelo cumprimento da aplicação de 10% das receitas brutas da União em ações e serviços de saúde. “É muito importante e necessária esta mobilização e pressão sobre os líderes políticos para poder atingir o objetivo proposto que é o reajuste de 100% nos procedimentos de baixa e média complexidade”, declarou o presidente do Sindicato dos Hospitais Filantrópicos do Vale do Taquari e diretor executivo do Hospital Ouro Branco (HOB), de Teutônia, André Lagemann.
Para Lagemann, a paralisação teve êxito na medida em que a imprensa local abriu espaço para expor a real situação para líderes e a comunidade. Outro ponto crucial para o sucesso do movimento é a mobilização dos hospitais, aderindo intensamente com ações locais, informando os líderes políticos locais e a população. “As ações em nível de Brasil terão continuidade. Muitas delas estão sendo desenvolvidas em outros estados. Haverá uma continuidade de ações a nível de Brasil que serão e estão sendo desenvolvidas em outros Estados.”
O Presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul, Julio Dornelles de Matos, ressalta que é dever das instituições provocar essa discussão pública antes que não haja mais nenhuma possibilidade de manter o atendimento. “Contamos com a compreensão dos brasileiros nesta luta, cujo êxito trará ganhos significativos para toda a sociedade. Defendemos o diálogo que garanta algumas medidas emergenciais para que os hospitais mantenham o atendimento”.
Apelo popular
Além da paralisação no atendimento de cirurgias eletivas, o movimento ainda sugere outras ações de apelo popular, divulgando telefones e e-mails dos gabinetes da presidente Dilma Rousseff, dos Ministros da Saúde, Planejamento e Fazenda, além dos Presidentes da Câmara e do Senado Federal, exigindo os direitos da população.
Toda mobilização está sendo organizada em conjunto pela Confederação das Santas Casas, a Frente Parlamentar de Apoio às Santas Casas e Hospitais Filantrópicos, em parceria com as Federações e Frentes Parlamentares Estaduais.
Dívidas
A dívida dos hospitais em 2005 era de R$ 1,8 bilhões, em 2009 de R$ 5,9 bilhões. A previsão final para 2013 é superior a R$ 15 bilhões. Em média, e considerando o total da assistência prestada, incluindo a alta complexidade que é melhor remunerada, a cada R$ 100 gastos pelas instituições no atendimento ao SUS, os hospitais são remunerados com R$ 65, representando um déficit médio de 53,8% entre custo e receita em cada atendimento.